- Ano: 2018
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Fotografias:Sharyn Carins
Arquitetura
O hotel United Places demonstra uma resposta arquitetônica de grande refinamento e precisão ao criar três níveis de acomodações e dois andares de restaurante. O projeto trabalha com uma série de restrições construtivas.
O padrão de plátanos do Jardim Botânico e o desejo de focar principalmente na conexão dos usuários com a visão do interior, levou a um resultado arquitetônico ecoando e aprimorando o jogo de sombra e luz através da fachada finamente articulada.
As referências ao brutalismo é deliberada, refletindo a intenção de criar um edifício de permanência, justaposto com a qualidade em seus detalhes de bronze.
Desenhado com elementos de aço na cor preta, o principal acesso no piso térreo não apresenta ornamentos e detalhes supérfluos . Ao contrário, o projeto se apoia na simplicidade da forma e na paleta de lâminas de metal preto, bronze e concreto; uma composição altamente precisa de materialidade e forma. A geometria ordenada contrasta generosamente com a ampla fachada comercial envidraçada.
Com a prioridade sendo uma vista desobstruída, as camadas da arquitetura são uma filigrana detalhada de estruturas de metal, na forma de seções de bronze anodizado, como uma narrativa sutil, porém importante, da forma construída. O perfil da seção de bronze liga-se à fachada para enquadrar as vistas, ao mesmo tempo que atua como suporte balaustrado e corrimão.
Amplos poços de luz estão centralizados na planta, incentivando a ventilação cruzada em cada uma das doze suítes.
As sacadas das suítes do hotel são revestidas com o mesmo concreto texturizado Beton Brut, ecoando as qualidades contextuais do local. Em uma perspectiva mais próxima,é possível ver uma combinação de não menos de 100 seções de concreto pré-moldado, embutidas com fragmentos de carvão que, juntos, apresentam um elemento semelhante a uma joia, ainda que sutil.
Interior
Pensando no hotel como um lar, a United Places apresenta um hotel refinado que oferece doze acomodações de alta categoria em um terreno estreito e apertado, no coração do Jardim Botânico de Melbourne.
Um ponto de distinção e distração na paisagem urbana, a entrada funciona como uma forma permeável permitindo vistas através da textura de concreto e da passagem de elementos de aço preto. A experiência de chegada é perfurada por um vazio cônico assimétrico lançando um círculo perfeito de luz em horários de pico, convidando os hóspedes a explorar a curiosa obra de arte cinética que paira dentro dela. Essa experiência pede que as pessoas se envolvam com a textura, a luz e a sombra, quebrando o foco do nível da rua.
Conceitos binários do que é extrovertido e introvertido formam uma narrativa subjacente ao longo dos quartos. Consideradas as "extrovertidas", as suítes do Norte apresentam-se como sociáveis, com conexão e envolvimento com uma vida urbana dinâmica e energética. Tons suaves de verde ajudam a compor com as vistas do jardim e com as folhagens exuberantes do ambiente botânico.
Por outro lado, as suítes do sul são consideradas "introvertidas". Distintamente mais privativas e isoladas, oferecem uma sensação de retiro e santuário. Os tons rosa refletem a materialidade dos tijolos vermelhos dos edifícios industriais e armazéns, clássicos de Melbourne.
Os espaços internos são mais articulados com elementos bronzeados, ecoando o detalhamento arquitetônico da fachada. A extrusão de luz na parede segue o perfil exato da balaustrada, garantindo conexão entre o exterior e o interior. Isso irradia um brilho quente através do acabamento personalizado da parede.
Uma celebração da experiência do banho é fundamental para o conceito do projeto. Em um movimento inesperado e não convencional, os banheiros aparecem como conjuntos espelhados, localizados centralmente nos dormitórios, aparentemente flutuando no espaço. Atuando mais como uma peça escultural, o simples ato de tomar banho é transformado à medida que as vistas diretas a um jardim botânico em constante mudança parecem estar ao alcance. A privacidade é assegurada pela superfície externa espelhada, pois reflete a luz e coloca o hóspede dentro do casulo.
As acomodações maiores, suítes duplas, oferecem uma banheira preta, inserida na extremidade do espaço, capturando vistas de 180 graus das copas das árvores antigas e do horizonte icônico da cidade. Como tomar banho à beira de um precipício, a experiência é sensorial e evocativa.