- Área: 4500 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
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Fabricantes: Indelague
Descrição enviada pela equipe de projeto. A arquitetura do CAA responde ao desafio de projetar uma solução adaptada ao contexto - não apenas físico e urbano, mas também cultural, económico e político - ao mesmo tempo que procura criar uma plataforma cultural relevante e de nível internacional. A abordagem objectiva e racional ao programa traduziu-se na concepção de um sistema que maximiza a funcionalidade. O edifício, com 4.500m2, consubstancia-se em três forças dinâmicas, que albergam e organizam as três grandes valências do programa interno – o auditório com 600 lugares, a sala de exposições e o café concerto - disseminando-se a partir de um núcleo central de distribuição.
Para além do programa principal, o edifício alberga ainda uma sala-estúdio, livraria, reservas, serviços administrativos, direcção e demais espaços de apoio e técnicos. A imagem arquitetónica exterior é caracterizada por um volume de betão à vista que abraça o terreno e cria uma nova praça pública que abraça, convida e qualifica a cidade. O volume aparenta levitar sobre uma massa de vidro, permeável e convidativa ao público. A arquitetura que formaliza o edifício é despojada de artificialidades formais, sem no entanto perder a relevância institucional que o equipamento merece.
Assume-se uma fusão entre a técnica pragmática de execução e a intenção de poética espacial, que procura levar o visitante numa viagem marcante pelo corpo construído, enquanto receptáculo e gerador de cultura. O projecto foi levado a cabo em plena crise financeira em Portugal, que definiu uma prática estratégica, obrigando a um esforço redobrado de todos os projectistas envolvidos, na tentativa de concretizar a melhor solução possível com um orçamento limitado, num edifício de grande relevância pública, sem perder os índices de qualidade que tal merece.
A construção do CAA, em particular, simboliza uma nova forma de estar na arquitectura e na profissão, reflectindo um novo papel do arquitecto, não apenas como projectista, mas como gestor criativo, não apenas de aspectos que dizem respeito ao desenho arquitectónico, mas também no que se refere a um novo tipo de gestão económica, de controlo de custos, de viabilização de um programa, de defesa de interesses públicos, de defesa da integridade presente e futura do edifício, de defesa da integridade profissional e, não menos importante, a gestão de expectativas. Hoje, o CAA representa uma espécie de pequeno-grande milagre, fruto de uma época difícil e de uma reinvenção da própria praxis, concretizada num edifício que cumpre todos os pressupostos e ambições que se propôs cumprir.