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Arquitetos: Ateliers Jean Nouvel
- Área: 46767 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Stéphane ABOUDARAM | WE ARE CONTENT(S), Michèle Clave
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Fabricantes: Ductal®, Ermetika
Descrição enviada pela equipe de projeto. Grandes cidades têm torres altas em seus centros, justamente para evitar a expansão da malha urbana e as comutações diárias. Estas torres usam da infraestrutura e do sistema de transporte já existente, o que faz delas mais sustentáveis, no que tange esses dois temas. Estas ideias explicam o crescimento e a verticalização a beira mar das cidades euro mediterrâneas.
Uma das torres mais antigas é identificada sem muito esforço, projetada por Zaha Hadid para a CMA CGM. Após a construção desta, outras três silhuetas altas surgem na skyline, duas irmãs menores de apartamentos amplos com vista para o mar projetadas por Jean-Baptiste Pietri e Yves Lion. A terceira torre segue os passos da primogênita, tendo como objetivo oferecer espaços comerciais na cidade de Marselha.
Em geral, as torres altas seguem um certo padrão, sendo muitas vezes intercambiável, podendo existir em qualquer lugar do mundo. Raramente elas demonstram em sua arquitetura a identidade do local onde foram construídas. São todas altas, porém anônimas.
A partir dessas considerações, a proposta apresentada para a nova torre Marseillaise é singular. O objetivo é que ela represente propriamente o denso ar mediterrâneo e que manifeste seu desejo de brincar com o sol e com as sombras. A ideia, portanto, é caminhar entre a simplicidade e a complexidade, sabendo que somente as sombras leves e a geometria simples é que possibilitam a criação de padrões matemáticos interessantes.
É possível imaginar essa torre, falar dela e até nomeá-la: La Marseillaise. Importante destacar, porém, que não há nada agressivo em seu projeto. Sim, tem concreto, mas este não se apresenta de maneira rústica e pesada, e sim na forma de concreto leve, concreto de fibra, leve como um desenho arquitetônico inacabado.
Sim, há beleza do esboço e na pintura que deixa algumas das telas expostas, uma ausência que se torna outro reino da imaginação. A Marsellaise alega ser um hino à luz, uma marcha em degrau, uma escada, uma subida para passarelas em direção ao céu ou no céu.
O prazer das torres incluí uma vista bonita e uma sensação de pertencimento. Uma sensação de estar tanto fora quanto dentro. Dentro com a névoa, com a chuva ou com a noite nublada, fora quando o vidro desaparece e o que permanece é o contorno pontilhado com linhas de sombra e luz, o toldo misturando-se ao teto, as mesmas cores passando, de dentro para fora, para melhor mesclar e apagar os limites físicos transparentes do vidro. As luzes e as cores interferem e, embora a Marseillaise seja verdadeiramente branco-azulada, substituirá o azul da França pelo azul celeste, o branco real pelo branco impuro do horizonte ou a nuvem ocasional e o vermelho sangue com os vermelhos de ocre e de tijolo presentes nos telhados e nas paredes circundantes. Visto de fora, tem como objetivo imprimir suas linhas no céu de Marselha, misturar transparências e reflexos, habitar este pedaço de céu xadrez com sombras pálidas e luzes peroladas, árvores e figuras, de cuja existência nunca estamos seguros, como se estivessem no paraíso.