- Área: 220 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Vinicius Assencio
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Fabricantes: Botuloc, Esquadrimax, Freschi Estruturas Metálicas, Lajes Artecon, Living Lustres, Nobre, Piscinão, joão de barro
Descrição enviada pela equipe de projeto.
O pedido inicial de que a casa fosse um chalé nos preocupou. Como projetar a casa diante de demanda tão específica e pautada por um contexto tão diferente do brasileiro? Nossa abordagem de projeto não busca transposições de imagens ou referências, é sempre organizada pela leitura de contextos: físico, social, cultural, econômico e natural. A solução foi esmiuçar os significados, afetividades e expectativas atreladas à imagem do chalé para construir uma interpretação adequada destes elementos ao contexto da futura residência.
A rusticidade foi o primeiro elemento, que ligado ao uso da madeira, pedra e texturas brutas trazia uma desejável imperfeição e certa robustez aos espaços. Outro era a relação de liberdade, de poucos muros ou obstáculos entre a casa e seu exterior, associada à representação típica do chalé como construção independente em meio a um grande gramado ou paisagem ampla. Por fim, o telhado como identidade e unidade da edificação, elemento síntese da casa.
Além de identificar tais componentes havia outras questões a incorporar, como o desejo de ter quartos com privacidade, protegidos do barulho e vista tanto dos vizinhos, quanto passantes e convidados das esperadas festas na área de lazer. Espaço para receber os amigos nas mais diversas situações: preparar o jantar, assistir a um filme, passar um café da tarde, assar pizza ou churrasco. Ter pomar, horta, jardins, oficina para trabalhos manuais e cuidados com as áreas externas.
Todos estes elementos e demandas conjugados deram origem ao partido arquitetônico da casa. Três blocos abrigam o programa residencial do dia-a-dia e são conectados por um corredor integrado a percursos de circulação fora da casa, que também são acesso às entradas da casa, uma por cada rua que conforma sua esquina. O corredor ao abrir-se é parte das áreas externas e estas são parte da casa, e a preocupação em trazer jardins e áreas verdes para dentro do cotidiano da residência pautou a distribuição dos blocos no terreno.
O deslocamento dos volumes entre si e em relação ao terreno visa posicionar os quartos em local protegido da movimentação festiva, além de criar um pátio interno para o café da tarde, para a brincadeira das crianças, para a correria dos cachorros. Pátio e área de lazer são extensões do volume social, abrem-se para ele de forma franca pelas esquadrias de madeira, material que pontua diversos ambientes da casa e, junto à pedra portuguesa e o chapisco dão aspectos mais brutos às texturas da casa.
O telhado metálico de uma só água dá coesão ao conjunto de volumes construídos e difere do chalé tradicional ao adequar sua inclinação e ampliar seus beirais, ajudando tanto a proteger as aberturas de insolação inadequada quanto a integrar casa e terreno. A casa é posicionada em nível intermediário do terreno e a terra retirada é utilizada para formar um talude ajardinado que envolve os quartos, e cuja crista quase toca as vigas metálicas que se prolongam a partir da estrutura do telhado: a privacidade desejada prescinde de muros. No lado oposto da casa, o prolongamento das vigas forma um pórtico que, além de emoldurar o percurso de acesso a partir da rua, é também pergolado para as plantas trepadeiras que reforçarão a união fundamental desta casa, entre o natural e o construído.