- Área: 278 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:José Campos
Descrição enviada pela equipe de projeto.
A propriedade localiza-se nas proximidades do núcleo rural da freguesia de Fornelos, um Lugar da Lapa no concelho de Cinfães do Douro. Situa-se a cerca de 10 Km a Sul dos “Passadiços do Paiva” que em 2017 e 2018 foram reconhecidos como Melhor Atração de Turismo de Aventura do Mundo – “World Travel Awards”. O proprietário pretendia recuperar e ampliar uma casa de habitação para instalar um empreendimento turístico em espaço rural na vertente de casa de campo, dar resposta à falta de alojamento com estas características na região e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento da economia local de forma sustentável.
O terreno de intervenção desenvolve-se em socalcos, possuindo 3.545,40 m2 de área total e é composto por uma casa de habitação isolada implantada à face do caminho público que lhe permite uma visão privilegiada do território circundante a Poente/Sul. O muro de alvenaria de granito faz a separação do espaço público com a propriedade. A construção existente encontrava-se sem condições de habitabilidade, mantendo-se edificadas as paredes em alvenaria de pedra com a estruturada cobertura e piso intermédio de madeira e cobertura em telha cerâmica em mau estado de conservação e sem condições intrínsecas e técnicas de ser recuperada. Tratava-se de uma casa modesta de campo com áreas exíguas, onde o piso térreo serviria supostamente para guardar as ferramentas agrícolas e/ou animais e no piso superior desenvolvia-se a habitação com dois quartos, sala e cozinha com forno.
A solução proposta teve como objetivo manter a estrutura existente, sobretudo a preservação e recuperação das paredes exteriores de alvenaria de granito (conservação) a reformulação da compartimentação interior da casa (alteração) para adaptação a outro uso e a construção de um novo volume para a criação de unidades de alojamento (ampliação). A ligação da casa existente à nova ampliação foi efetuada através de outro corpo novo (alpendre) que faz a separação entre o espaço social e o privado do empreendimento. A estrutura existente a recuperar mantém o aparelho de alvenaria de pedra à vista e o tipo de telha cerâmica, enquanto a ampliação reinventa-se com outros materiais característicos da região que enriquece o diálogo, através de um revestimento em réguas de madeira nas paredes e ardósia nas coberturas. Este novo volume, quer assumir um papel, integrador e harmonioso da paisagem onde se insere e portanto, foi implantado tendo em conta a relação mais próxima e direta com a preexistência, assim como permitir usufruir das vistas magníficas da paisagem envolvente.
O acesso ao empreendimento mantém-se na mesma posição com a passagem, agora fechada com um portão em ferro e com a reconstrução da escada em pedra que liga ao alpendre exterior coberto. Este espaço de lazer, para além de ser o grande átrio de recepção é ponto de encontro para estar em companhia com o forno exterior e usufruir do silêncio do lugar.
Em termos de organização dos espaços, optou-se pelo seguinte:
a)Preexistência com os espaços de utilização comum (cozinha, sala de estar e jantar, adega e instalação sanitária de apoio);
b)Volume novo com os espaços de utilização mais íntimo (quarto –suite).
Em relação à casa existente decidiu-se no piso superior, criar um espaço amplo, de continuidade com várias zonas (cozinha/jantar e sala de estar) com a visão do desenho do forro do teto e estrutura em madeira. De salientar ainda a recuperação do forno a lenha e a inclusão de um recuperador de calor. A ligação ao piso térreo efetua-se através de uma escada em madeira que não existia originalmente, onde encontramos a adega um espaço de continuidade da sala de estar (onde se pretende que seja também um espaço de provas de vinho) também esta com uma relação visual com a paisagem e permite também o acesso direto para o exterior.
Quanto ao volume novo, o acesso aos quartos, é efetuado através de um corredor contínuo que também dá acesso à piscina. Nos quartos, continuamos com um ambiente quente com vários tons/texturas da madeira, onde a paisagem surge como um enquadramento e prolongamento do mesmo através de um deck em madeira que liga ao “tanque” de água e a uma zona verde de lazer.
No que diz respeito ao sistema construtivo utilizado, na construção original as paredes estruturais em alvenaria de pedra foram mantidas e a estrutura de madeira em mau estado de conservação foi substituída por outra estrutura de madeira reproduzindo os princípios construtivos tradicionais. O assoalho em madeira, também foi todo substituído por um outro em madeira de Garapa.
- Apuleia leiocarpa. Apesar que nas paredes em alvenaria de pedra, não se incluiu uma solução construtiva para o desempenho energético, uma vez que se pretendia que as mesmas mostrassem o desenho da pedra à vista, foi também aproveitada a oportunidade da intervenção para incluir materiais e soluções construtivas que contribuíssem para a conforto energético do edifício, colocando uma cobertura com isolamento térmico adequado, uma nova caixilharia de madeira de Kambala - Chlorophora Excelsa com vidro duplo e um recuperador de calor que permite efetuar o aquecimento.
Em relação ao volume novo, os materiais e solução construtiva é toda ela em madeira à excepção da laje de pavimento e revestimento de cobertura onde se proporcionou ao nível de desempenho energético, padrões de desempenho de qualidade.