- Área: 46 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Germán Valenzuela Buccolini
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Memorial Laguna del Toro, localizado no interior da Reserva Nacional Federico Albert, na comuna de Chanco, Região do Maule, Chile é uma obra que se relaciona com a importância territorial, suas modificações no tempo, sua identidade, seu habitar, que faz referências locais a relatos e lendas que aguçam um misticismo na região e, em particular, no local de intervenção.
Do território
Chanco, uma faixa costeira retirada do mar, produto do avanço das dunas que estabeleceram grande parte da zona agrícola e povoados vizinhos no final do século XVIII. Em 1900 chegou ao local um botânico alemão chamado Federico Albert, que realizou plantações arbóreas, entre elas espécies de rápido crescimento, como pinheiros e eucaliptos, que detiveram o avanço das dunas. Esse feito transformou a forma de habitar do povoado e deu origem à reserva. A posição geográfica e a figura de Federico Albert são de grande relevância para a comunidade, já que condicionam e potencializam um valor paisagístico cultural, por meio de sua história e ocupação.
Do lugar
Localiza-se no interior da reserva, especificamente na "Laguna del Toro". A leitura do local revela uma geometria assimétrica. O importante desse espaço é a sua beleza cênica, é a clareira na floresta. Além disso, trata-se de um lugar que possui maior peso histórico dentro do parque, uma vez que é o plano de fundo de uma lenda chamada "El Cuero". Por outro lado, reflete o descuido e uso desmedido dos bens naturais, que modificou o solo, deixando um sumidouro de areia, produto da secura do corpo d'água.
A descida até o vale e a agua possui aspectos com mobilidade e flexibilidade, contempla diversas chegadas e diferenças de cotas, um percurso envolvente que mantém invisível a água.
Da arquitetura
"Sempre me fascinaram os objetos bem colocados. Penso nos edifícios que emergem como esculturas na paisagem e parecem ter saído dela".
Zumthor se refere à obra como uma perturbação necessária, para que a nova peça se encaixe e se consolide no lugar que a acolhe, por isso mesmo a arquitetura do projeto parte da concepção de transformação do lugar e das partes, como uma moldura dessa irregularidade mutável, referenciando ao solo arenoso que leva consigo a história do local, o passar do tempo e as marcas dos visitantes.
Do projeto
A obra gera um encontro e um estar prévios, sob uma frondosa floresta, tornando visível e se aproximando do lado através de seu acesso. Nos permite entender este espaço e seu contexto cultural, além de habitar e conter a borda de areia. O projeto busca o estar, o percorrer, o observar e convida a reviver esta sensação de estar submerso.
São três os elementos que descansam sobre a areia, um eixo vertical e inclinado, para insinuar a descida, outro corpo similar, ambos dando suporte e contenção à borda com uma trama de madeira de pinheiros, enquanto o terceiro é uma rocha, a qual demarca um ponto de incidência entre os dois volumes e dormi o pódio do projeto. Além disso, contém elementos de aço, com palavras referentes ao lago, que contam a história do local e conformam o único plano horizontal da obra.