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Arquitetos: Paulo Martins
- Área: 696 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Ivo Tavares Studio
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Fabricantes: AMOP Lda, CLIMAR, Daikin, ETICS, Efapel, Elica, Roca, Sanindusa, Technal, VALVO
Descrição enviada pela equipe de projeto.
Inserida num lote de geometria irregular e rodeada por construções de escasso valor arquitetônico, esta moradia surge como uma consequência das suas condicionantes.
Se por um lado não há a vontade de relacionar visualmente os espaços interiores da moradia com a envolvência imediata, por outro existe uma vontade incontrolável de a virar completamente para o nascente, vista dona de uma beleza ensurdecedora e alheia aos olhares indesejados. Outra condicionante é o fato de a sua orientação não ser a ideal, ou seja, a vista predominante encontra-se a nascente, a sul temos a extrema do lote e a poente uma estrada nacional com o café da aldeia do outro lado da rua. Surge então a necessidade de introversão e hermetismo, fazendo com que o volume construído surja como um inerte, mimetizando-se com a natureza e assumindo a sua exceção no alçado nascente, cuja deformação volumétrica declara e acentua a vontade de abertura e entrega às vistas. As suas formas são irregulares, a sua cor assume tons térreos e as aberturas em alçado são quase inexistentes, aparecendo sob a forma de pátios e claraboias, visíveis apenas de planos superiores.
Fazendo o percurso de rampas que se sucedem desde a entrada no lote, somos levados ao momento de transição entre o interior e o exterior, que se anuncia através do seu revestimento em ipê, superlativo de exceção e convite à entrada através da sobredimensionada porta que separa o hermético e misterioso exterior do interior puro e cálido, com os seus espaços inundados de luz zenital e apontados ao vale, por onde o nevoeiro denuncia a passagem de um rio.
Uma assumida dualidade entre exterior e interior vem reforçar a ideia de desinteresse no relacionamento da moradia com a envolvente imediata, sem que isso prejudique a dinâmica vivencial do seu interior. Programaticamente as zonas sociais da casa situam-se viradas a nascente (vale) e as zonas íntimas a poente (rua), sendo estes espaços separados por um grande pátio interior à volta do qual se pode circular, criando uma enriquecedora dinâmica espacial e visual.