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Arquitetos: KAOS Architects
- Área: 420 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Maris Tomba, Terje Ugandi
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Fabricantes: Barthelme, KHIS, Riksen, Saint-Gobain, Viabizzuno, Wienerberger
Descrição enviada pela equipe de projeto. O arquiteto finlandês, Sami Rintala, descreve a Casa dos Peregrinos da seguinte forma: "Este edifício parece integrar-se perfeitamente à paisagem, quando nos deparamos com ele, e também do lado oposto, quando experimentado desde dentro. Desde a sua implantação até os mínimos detalhes, cada uma das prateleiras e soluções tecnológicas utilizadas, todos os elementos desta casa parecem estar perfeitamente amarrados uns aos outros. É como uma abstração de um cenário medieval, sem apelar para seu lado mais romântico, ou pelo menos, tentando evitar essa visão romântica do passado. Podemos ver claramente a separação entre aquilo que é novo e o que representa o passado de uma maneira inteligentemente equilibrada. Para nós, este é um projeto capaz de deixar uma impressão muito positiva".
No sudeste da Estônia, um viajante subindo as encostas íngremes dos antigos vales glaciais esculpidos pelo rio Piusa e pelo córrego Meeksi chegará a uma pequena vila chamada Võru, lá o viajante encontrará um castelo em ruínas, um antigo pub e a Casa do Peregrino. Há um motivo evidente para que o visitante queira se embrenhar em uma paisagem tão desolada e inóspita, o entorno do antigo castelo episcopal de Vastseliina, datado do século XIV, é um local carregado de história.
O complexo medieval foi um recorrente destino de peregrinação popular a partir de 1353, quando um milagre teria acontecido dentro do castelo. A casa do peregrino pretende dar nova vida à essas memórias, transformando-se em um novo centro de experiência sobre a cultura medieval da região. O projeto desenvolvido pelo escritório KAOS, foi inaugurado em 2018 como parte do complexo do castelo episcopal.
Os arquitetos buscaram inspiração na história do lugar, na paisagem pitoresca onde está inserido e na cultura da peregrinação. A casa então foi delicadamente aninhada na encosta do morro que leva ao castelo e projetada de modo a evitar o bloqueio dos eixos visuais para as ruínas. O edifício parece desaparecer na paisagem, embora se posicione com todo respeito em relação ao sítio histórico, ele permanece parcialmente oculto pela vegetação durante o verão, afastado das ruínas do castelo e projetando-se em direção ao vale.
Para o KAOS, este projeto foi concebido como uma espécie de peregrinação arquitetônica, um percurso delicadamente equilibrado entre a atmosfera histórica lugar e as convenções modernas do edifício. Isso se reflete através de seus espaços amplos e portas altas, nos seus materiais e na organização de seu programa. Pequenas aberturas, delicados pontos de luz em meio a paredes predominantemente cegas, reminiscente dos primeiros castelos, oferecem vistas panorâmicas e um perfeito enquadramento da paisagem medieval do lado de fora. A envoltória de aço castanho-avermelhado da casa tem como objetivo dialogar com o tijolo e o granito vermelho das ruínas do castelo.
A estética monocromática aproxima o vernacular e o moderno, deixando que eles se misturem para destacar o seu conteúdo, os objetos e a cultura da vida medieval. Nas paredes internas, gravuras antigas foram a fonte de inspiração para o design gráfico da exposição, como um livro ilustrado sobre a história do lugar.
Assim, a Casa dos Peregrinos nos transporta para o passado, proporcionando uma oportunidade de experimentá-lo no presente.