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Arquitetos: Alfredo Lanna Neto, Mateus Castilho
- Área: 260 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Ronaldo Melo Fotografia
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Fabricantes: Coral, Holambelo, Móveis Brum, San Martin Antiquário, Strufaldi, Takono
Descrição enviada pela equipe de projeto. Com apelo gastronômico e cultural, a rua Sapucaí está localizada no coração de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Adotada como o novo mirante da cidade, o visitante se surpreende com o skyline da cidade, construções históricas do início da capital e com os murais de diversos artistas produzidos pelo festival C.U.R.A nas empenas cegas dos edifícios. A partir destes pontos, optou-se por chamar a pizzaria de PANORAMA.
O projeto, implantado em um antigo apartamento no segundo pavimento de um edifício, teve como principais premissas os seguintes pontos: relação Contemporâneo x Art déco; permeabilidade visual com o exterior (ênfase no diálogo com a paisagem); minimização de construções/demolições durante a obra; fluxograma para atendimento e preparo de alimentos; experiência do usuário (Via pública/ Escadaria/ recepção/ paisagem/ bar/ mesa).
No acesso, feito através da escadaria, foi aplicada um revestimento em "lambe-lambes" produzidos pelo artista Luís Matuto com motivos tradicionais de Belo Horizonte, se tornando um ambiente de transição entre a rua e o estabelecimento.
Na chegada ao segundo piso o cliente se depara com o grande salão, cujo piso em peroba rosa e pau-ferro foi completamente restaurado, assim como os ladrilhos hidráulicos da época. Com uma paleta de cores inspirada no Art déco, o ambiente traz um contraste com a agitação da vida urbana da rua Sapucaí. O projeto paisagístico, assinado pela Cacá avenca, trouxe ao ambiente suavidade e leveza com vasos suspensos junto ao teto. A adega, feita a partir da demolição da parede entre dois armários embutidos, foi construída utilizando-se portas de enrolar antigas.
Optou-se por criar um ambiente de bar contemporâneo, com grelhas projetadas a partir de uma malha retangular (em alguns pontos espelhada), buscando criar uma sensação de profundidade no ambiente. As bancadas em, em granito Dallas, servem de apoio itens de bar e decoração, como a máquina registradora da década de 20 do século passado.
A chapa expandida, usada como revestimento, luminária, gradil e anteparo, nos remete à ideia da permeabilidade visual aliada ao urbano contemporâneo, assim como os painéis produzidos também pelo artista Matuto, referência ao conjunto de painéis do centro da cidade. Na varanda optou-se por manter a área de convivência, instalando o gradil de proteção para os transeuntes e um binóculo para observação da paisagem.
O salão menor abriga um espaço para pequenas confraternizações, através de uma mesa de madeira maciça de 12 lugares, sob uma luminária criada através de um gradil decorado por uma artista plástica local. No quintal interno, onde mesas contemporâneas contrastam com cadeiras antigas, a decoração é feita pelo painel representando o lobo guará (animal típico do cerrado brasileiro) e as diversas plantas que remetem às casas da nossa infância.
A antiga cozinha foi transformada na área de montagem das pizzas. Os fornos foram embutidos no antigo armário e foram criadas janelas para o salão principal para que os clientes possam acompanhar a produção. No banheiro principal optou-se por manter revestimento e peças originais, transformando a banheira e o bidê em vasos de plantas. Os quartos dos fundos foram transformados em depósito e escritório.
Vê-se que a memória afetiva, a relação com a cidade, o conforto ambiental e a contemporaneidade foram os pilares para a criação deste projeto, implantado em uma rua que visa tanto o olhar da cidade como ambiente transformador e em plena transformação.