Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa W3 Sul está situada na W3 sul, num terreno que resulta da demolição da construção existente. A casa é resultado do acúmulo de imagens e referências de seus autores, Carlos Café e Horia Georgescu, que propuseram um volume formado pela sucessão de planos, cujas vedações oferecem rico jogo de equilíbrio volumétrico, em que se alternam a superfície opacas e vazadas.
Café projetou a residência para seu uso particular, desafio que enfrentou tentando ultrapassar o sentido visual do projeto para pensá-lo como contínua recombinação de espaços formados nas relações múltiplas e na ambivalência. Os níveis de laje desencontrados possibilitam apropriações imprevistas, ampliadas pela franca comunicação visual entre níveis.
Os ambientes se desenvolvem em torno de três vazios internos, cada qual se relaciona com um de seus níveis. Ao rés do chão, o térreo é duplicado para configurar estar e cozinha.A escada metálica dá acesso aos meios níveis, conectando o estúdio no subsolo e os dormitórios no piso superior. A cobertura é constituída por um terraço jardim que junto aos vazios dos pátios forma uma projeção permeável de toda a projeção da casa.
Desafios estruturais marcaram a obra, como a vibração resultante do fluxo intenso de ônibus na via, e o vínculo intrínseco entre as estruturas das edificações geminadas. Foi necessário cortar vigas e conservar parte da fundação original na escavação do subsolo para não comprometer a estabilidade do edifício vizinho. Café e Georgescu pensaram também na flexibilidade da planta ao propor um arranjo que permitisse fechamento de cômodos para delimitar espaços, caso da antessala do pavimento superior que pode ser convertida em dormitório.
Além de arquiteto, Carlos Café é artista visual, e o corpo é centro de seu trabalho. Por isso não surpreenderia afirmar que é a partir daí que ele pensa a casa. Quando fotografa corpos, o artista faz refaz a anatomia pelo intenso contraste de claro e escuro, algo semelhante ao que opera na maneira como posiciona aberturas imprevistas entre os ambientes da Casa W3 Sul, deixando que o tempo e as estações se encarreguem de tonalizar as superfícies ao longo dos dias e dos meses. Tentando dirimir as contradições entre a dimensão plástica e as necessidades intrínsecas do lar, o arquiteto fez surgir um espaço dinâmico, afeito aos seus sonhos e aos de que ali porventura vier a incorporar suas próprias experiências, seu modo particular de habitar e, assim, refazer continuamente o espaço.