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Arquitetos: Marià Castelló Martínez
- Área: 345 m²
- Ano: 2019
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Fabricantes: Rothoblaas, ELEVATE, Geopannel, INCLASS, KLH
Descrição enviada pela equipe de projeto. O porto de La Savina é a entrada principal da ilha de Formentera. Sua localização geográfica lhe dá um interesse especial, já que é o limite entre uma área urbana, o Mar Mediterrâneo e uma lagoa de água salgada que faz parte do Parque Natural Ses Salines. A proteção do mar aberto que oferece esta lagoa proporcionou que tradicionalmente fosse usada como um porto natural para ancorar barcos de pesca de pequeno porte e que, hoje, a administração considere ideal para sediar a escola de vela do município e outras agências relacionadas com os esportes náuticos.
O programa funcional oferecia uma dualidade (salas de aula + escritórios versus oficinas + vestiários) que se materializaram dividindo-se em dois corpos independentes alinhados, o primeiro com a rua s'Almadrava e o segundo com a passagem de Balandra. No cruzamento de ambas ruas, o edifício oferece um vazio cuja permeabilidade visual também implica o acesso principal ao equipamento. Entre os dois volumes mencionados aparece uma estrutura que proporciona um espaço relacionado à sombra e cuja geometria oblíqua convida a desfrutar das excelentes visuais para o Estany des Peix.
Além da polaridade funcional descrita, a intervenção também representa uma fronteira onde é expressa a dualidade de paisagens que convergem neste terreno de apenas 1000 m2. Junto com os traçados urbanos e com orientações nordeste e noroeste, os volumes são na maior parte opacos, duros e sem muita profundidade. Na sua vertente meridional, no entanto, o edifício se desdobra gerando uma ampla plataforma que une os dois programas e se adentra alguns metros na lagoa como doca. A estrutura de coroação dos volumes adquire profundidade na plataforma e protege o interior da incidência solar direta.
Através de uma tectônica baseada quase em um único material, aparece o edifício leve, construído em seco e com baixo impacto ambiental. Semelhante as casinhas náuticas que tradicionalmente se levantavam no litoral da ilha, a madeira representa o material por excelência, expressa em diferentes formas e espécies, de acordo com os requisitos. Assim a estrutura principal executada por meio de CLT, permitiu convergir em boa parte dos painéis de madeira contra-laminada, estrutura, fechamento e acabamento. Uma harmonia que continua na solução escolhida de fachada ventilada, onde sarrafos e ripas de acabamento são executados em pinus R.3.2 que ao longo do tempo vão se converter em uma característica pátina cinza.
A doca utiliza a técnica de estacas de madeira tradicionais submersas abaixo do nível do mar, enquanto a plataforma exterior está suspensa numa fundação mínima, pré-fabricada e reversível, baseada em micro-estacas superficiais. Sob critérios de bio-construção, optamos por uma paleta reduzida de materiais principalmente de origem natural, livres de PVC e outros materiais sintéticos potencialmente nocivos. Isso se traduziu em fechamentos higroscópicos e permeáveis ao vapor d'água, energeticamente eficientes e que mantém um ambiente interno saudável.