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Arquitetos: Martin Lejarraga Oficina de Arquitectura
- Área: 38 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:David Frutos
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa do Anjo é o nome de um refúgio de campo situado na Serra de Jumilla, que foi palco, durante muitas décadas, do transcorrer de excursões de exploradores, caçadores e alpinistas. Dada sua relevância no entorno, tanto geográfico, quanto social, a ação sobre esta pequena construção se distancia muito de ser apenas uma mera intervenção arquitetônica. O valor paisagístico deste delicado refúgio faz com que a proposta se baseie na atenção, tanto à arquitetura existente, quanto à presença do lugar.
A partir da ideia de sutileza, a proposta pretende abrir o refúgio ao exterior, ao lugar, à serra. Por isso, além de manter e renovar o uso de refúgio internalizado e isolado, o programa se desdobra extendendo-se ao espaço aberto. Trata-se de dar sombra, descanso e abrigo a todo tipo de transeunte e, definitivamente, de ser uma peça que equipa e complementa esta paisagem idílica na qual se situa. Na parte interna pretende-se buscar e enfatizar a simples mas eficaz organização em um espaço único, ao mesmo tempo que se melhora as inércias, térmica e acústica, do espaço, transformando-o em um lugar adequado para a pausa, o descanso e a tranquilidade.
O projeto substitui a cobertura original de fibrocimento proporcionando conforto interno e sombra ao exterior, e envolve todo o conjunto com uma pele de tons avermelhados de diversas peças cerâmicas não revestidas, aproveitando seu aspecto natural para atrair e também dar refúgio a outros tipos de ocupantes: plantas, insetos, pássaros, etc. No interior, a madeira da estrutura e dos fechamentos acompanha a alvenaria das paredes, também revestidas parcialmente pelas mesmas cerâmicas. As cores aplicadas às janelas dão conta do caminho no qual se situa o projeto e acompanha os tons naturais do tijolo, que contrastam com o intenso verde da paisagem circundante, destacando, assim, sua condição de refúgio quando visto à distância.
O uso do tijolo em diversos formatos e tipos, as telhas e a madeira natural fazem com que esta peça isolada na paisagem não demande manutenção e que, com o passar do tempo, ela se funda lentamente com a natureza. Por tudo isso, a reforma na Casa do Anjo tenta ser uma intervenção integrada e integradora, sustentável e reconhecível e, sobretudo, uma proposta que propicia ser um abrigo de pessoas, animais e plantas, fazendo com o que o refúgio pertença de fato à paisagem onde se encontra.