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Arquitetos: FGMF
- Área: 6234 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Pedro Mascaro
Descrição enviada pela equipe de projeto. Projetar um prédio residencial é muito mais do que apenas agrupar apartamentos em um grande volume. Nós acreditamos que um edifício deva fazer parte de uma paisagem mais ampla e pode (ou deveria) determinar uma escala maior do que a própria arquitetura.
É por isso que começamos este projeto com uma pergunta: em uma cidade como a de São Paulo, onde espaços públicos são escassos e as pessoas apreciam sistemas ostensivos de segurança, como promover um melhor espaço público através do projeto de um espaço privado?
O terreno em questão é pequeno, mas nós entendemos que pequenas ações são as sementes de transformações efetivas. Quando decidimos em não construir grades nem muros separando o edifício da rua, foi uma pequena, mas sincera, contribuição para um bairro melhor. O térreo do edifício será totalmente visualmente integrado à calçada, que foi generosamente duplicada com uma pequena pracinha. Bancos, plantas e paraciclo são abertos para cidade.
Um jardim rebaixado contíguo a este espaço permite o contato do pedestre com o topo de uma árvore, enquanto o espelho d'água serve de singela transição entre público e privado. Pessoas de dentro estão em contato permanente com o externo, reafirmando que o edifício não é um mundo independente. As pessoas de fora veem e entendem o térreo do edifício como parte de sua cidade. Isso não só torna o edifício e o bairro mais seguros, como esta integração também transforma estes poucos 20m de calçada em um melhor local para caminhar, conversar, ficar, se encontrar com outros, jogar e relembrar. Se todos os vizinhos seguirem o exemplo, a cidade um dia será melhor.
O edifício é também um objeto diferente na paisagem, sendo reconhecível à distância. Nós não queríamos fazer com que se parecesse diferente só pela vaidade arquitetônica. Nós queríamos criar um novo marco em uma ambiente cheio de prédios monótonos, beges com janelas pequenas. A ideia não era apenas que os moradores deste edifício ficassem orgulhosos de morar num prédio com desenho especial, mas também que pudéssemos dar uma contribuição estética à paisagem dos vizinhos.
Outro ponto importante do projeto é a diversidade de moradores. Os 67 apartamentos não são repetições em pavimentos-tipo, mas uma composição de várias tipologias diferentes, atraindo diferentes tipos de pessoas. Pequenos estúdios com ou sem varanda, diferentes tamanhos de varandas, apartamentos duplex com ou sem jardim e apartamentos na cobertura com generosos terraços permitem atrair pessoas com interesses e estilos de vida diferentes. Os que estão voltados para a fachada nordeste têm maiores varandas e a melhor vista. Em balanço, estas varandas dependem de elementos que não apenas equalizam a deformação estrutural, mas também criam as molduras que são parte importante da identidade visual do edifício: construção e estética se unem numa única solução.
Além disso, o projeto do edifício incorpora soluções de eficiência energética e outras estratégias de sustentabilidade. O projeto foi realizado com parâmetros rígidos, seguindo as premissas de certificações nacionais e internacionais. Porém, não projetamos o edifício para que fosse certificado, mas o fizemos pela simples crença de que essa é uma responsabilidade inerente de um bom projeto. Ter um certificado não era o objetivo.
Este edifício pode ser pequeno, em uma rua pequena de um pequeno bairro. Mas nós queríamos fazê-lo grande para seus usuários e vizinhos. Cheio de significados, de caráter e responsabilidades.