Descrição enviada pela equipe de projeto. A Embaixada Real da Noruega ocupa um terreno retangular de 25.000 m2 no Setor de Embaixada do Sul, em Brasília, com leve declividade de noroeste a sudeste, separado do lago Paranoá por outra faixa de 250 m de largura, ocupada por vias e prédios baixos na sua orla. A revitalização e ampliação da Embaixada da Noruega compreendeu uma série de ações em vários níveis, descritas e ilustradas resumidamente a seguir. A preocupação com o uso racional de energia definiu estratégias de projeto integradas entre a arquitetura e as demais especialidades, fazendo com que a Embaixada seja a primeira representação internacional da Noruega a ser certificada como NetZero.
O complexo da Embaixada foi dividido em quatro zonas, relacionadas à função e ao controle de acesso: Zona 01 (Acesso geral / público); Zona 02 (Chancelaria); Zona 03 (Área de Representação); Zona 04 (Residências Embaixador / Diplomatas).
Zona 01: Esta é a área menos restrita do complexo. Público, requerentes de visto, convidados e funcionários são admitidos na Embaixada a partir desta zona, através do caminho existente e na nova ala da Chancelaria. O estacionamento existente foi ampliado, totalizando 32 vagas.
Zona 02: Compreende uma nova ala da Chancelaria, bem como a existente. Além do hall de entrada principal da nova ala, todas as outras áreas desta zona têm acesso restrito. A nova ala da Chancelaria abriga espaços de recepção, escritórios de funcionários, uma cantina de funcionários - que pode ser usada como uma grande área de reunião (com acesso público ou restrito) - e um deck externo parcialmente coberto, com vista para o jardim da Embaixada. Este novo edifício foi colocado paralelamente ao eixo longitudinal da parcela, permitindo visuais mais amplas do jardim e das áreas circundantes. Sua casca externa foi projetada em concreto aparente pintado de branco, de modo a criar uma conexão com as construções existentes. A ala existente foi completamente revitalizada, compreendendo tanto o layout interno quanto todas as instalações técnicas (HVAC, elétrica, TI). Além do escritório do embaixador, foram criados novos escritórios para diplomatas, bem como áreas de arquivo, uma sala de leitura de documentos classificados e um novo setor de vistos.
Zona 03: Consiste em todas as áreas de representação da Embaixada, tanto cobertas quanto descobertas, concentrando ambientes de eventos e multifuncionais. O foco principal desta área é uma grande praça externa projetada para as festividades e celebrações ali usualmente organizadas.
Zona 04: A Zona 4 acomoda 4 residências - uma para o Embaixador e outras 3, iguais em tamanho e forma, para diplomatas. A residência do Embaixador foi locada mais perto da área de representação da Embaixada, ligada à Zona 03 por meio de uma passarela coberta. Todas as casas foram posicionadas com o objetivo de aumentar a privacidade de seus ocupantes, entretanto criando um senso de comunidade. No centro da área residencial criou-se uma área de lazer com piscina, fitness e churrasqueira.
Instalações e equipamentos: Todos os edifícios existentes foram renovados quanto às instalações mecânicas, elétricas e hidráulicas, a fim de atualizá-las de acordo com os padrões técnicos e de segurança vigentes.
Consumo e conservação de energia: A radiação solar, em Brasília, é abundante durante a maior parte do ano, oferecendo portanto uma grande oportunidade de ser usada como fonte de geração de energia elétrica. Considerado o histórico de consumo de energia da Embaixada como uma linha de base, estimativas de projeto indicaram que 600 m2 de painéis fotovoltaicos forneceriam energia suficiente para a operação de todo o complexo, incluindo climatização. Isso equivale à área de cobertura disponível dos edifícios existentes, o que levou à concentração de todos os painéis sobre o telhado renovado.
Adicionalmente, todos os novos edifícios foram posicionados considerando a sua exposição ideal à radiação solar, e especificações adequadas de paredes, esquadrias e sistemas de cobertura, em termos de massa térmica e isolamento, foram empregadas. A combinação destes fatores resultou na autossuficiência energética integral da Embaixada, viabilizando a implementação do sistema de auto-geração de energia com prazo de payback estimado de 3,9 anos.
Consumo e conservação de água: A água da chuva é muito escassa em Brasília de maio a setembro, quando a precipitação média cai drasticamente, chegando a zero. Esta condição é um obstáculo para alcançar a autossuficiência da água para todo o complexo, especialmente levando em consideração o perfil de consumo da zona residencial. Assim, as estratégias relativas ao uso de água centraram-se no uso de equipamentos com redutores de consumo e de coleta e reutilização de água de chuva para fins de serviço e irrigação.