- Área: 182 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Federico Cairoli
Descrição enviada pela equipe de projeto. A primeira aproximação à aprendizagem se dá através do jogo. Através de um método intuitivo nos aproximamos da geometria, descobrimos suas formas, fazemos associações com o tamanho das cosias, cores e assim passamos a entender as diferenças entre elas. Ignorando regras e princípios somos capazes de desenvolver nossas habilidades se apropriando da herança genética de nossos antepassados. Descobrindo os mistérios do mundo, nos fascinamos com os castelos de cartas que são incapazes de parar de pé mas ainda assim desafiam a gravidade e ajudam a construir o nosso próprio castelo, o castelo do conhecimento.
O projeto “Nordeste”, desenvolvido pelos arquitetos do Mínimo Común, possui uma abordagem muito similar àquela descrita acima. As experiências prévias de erro e acerto serviram como um base sólida onde foi possível edificar este castelo de cartas, onde os tijolos foram empilhados um a um para construir as paredes e estas, a estrutura global do edifício. Um pátio, uma churrasqueira nos fundos do terreno, uma piscina e um muro verde construído pelos arbustos que acompanham as laterais do terreno. Utilizamos a estrutura existente da antiga piscina como apoio para uma nova laje jardim que tira proveito da inércia térmica do solo para acolher o principal escritório do programa das Oficinas.
Nosso castelo de cartas se eleva sobre o terreno da maneira mais singela possível; isolado no lote e afastado de ambos limites do terreno, deixando uma passagem lateral de acesso do lado esquerdo e um pátio técnico do lado direito. A partir disso, montamos a cobertura de pé direito duplo, favorecendo a relação de altura com a grande árvore de Carambola pré-existente. Uma arquibancada de concreto em conjunto com uma série de pilares metálicos dão suporte a essa cobertura composta por vigas metálicas tencionadas, a qual foi construída para fornecer abrigo e sombra aos trabalhadores desde o início da obra. A cobertura servirá também para abrigar um grande espaço coletivo de trabalho além dos escritórios individuais no térreo, enquanto que no mezanino, um escritório único terá acesso direto à laje jardim do lado de fora.
De forma a fortalecer as relações entre o interior e o exterior, utilizamos painéis de vidro de um metro e meio de altura, grandes o suficiente para fornecer a perfeita iluminação nos espaços interiores, assim como ventilação natural e vistas para o jardim. A seguir encontram-se as paredes de tijolos com cinco centímetros de espessura, dois metros e meio de altura e onze metros de comprimento, cuidadosamente ziguezagueando pela planta. Estas paredes são responsáveis por distribuir os esforços pelos tijolos, reforçando a estrutura e organizando os espaços interiores.
As paredes dos escritórios individuais, construídas com painéis de tijolos pré-fabricados, se organizam de tal forma a a configurar os espaços fechados dos escritórios menores e à área de uso comum resultante. Finalmente, como arremate da estrutura aparece um brise-soleil que combina painéis cerâmicos com panos de vidro. Recriar o processo intuitivo de aprendizagem, a sucessão de erros e acertos... buscar novas soluções para os métodos tradicionais de construção… destruir e construir novamente, gerar novos conceitos… estas foram as nossas principais premissas de projeto.