- Área: 879 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Joana França
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Fabricantes: Américo Pré-Moldados, Bendermix, Coper Vidros
Descrição enviada pela equipe de projeto. A 2ª Unidade do Juizado Especial Cível e Criminal de Juazeiro do Norte/CE é um convênio entre o Centro Universitário Unileão e o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. O edifício se destina ao atendimento de causas judiciais de menor complexidade, cujo o programa de necessidades inclui: áreas de recepção e triagem, circulações pública e privativa, salas de audiência e conciliação e área administrativa.
O edifício tem formato de um paralelepípedo retângulo de 18,00m x 67,00m x 4.60m (LxCxA), acessado por dois pórticos de concreto aparente que se prolongam além da base: o principal, localizado na fachada norte, para o uso do público em geral e o lateral, na fachada oeste, para uso exclusivo dos servidores.
Para se adequar a topografia existente e reduzir custos com movimentação de terra, foi criado um platô para acomodar o edifício. Tal decisão, implicou numa solução de grandes fachadas voltadas para o Leste e o Oeste, que não é a melhor solução de se implantar um edifício no clima semiárido. Em contrapartida, o projeto se utilizou de diretrizes de conforto ambiental como o uso de elementos de proteção solar, a criação de jardins internos e o pé-direito alto.
Os jardins internos, de 3,00m de largura, foram criados ao longo das fachadas leste e oeste para barrar a incidência de luz solar direta nos ambientes internos e além disso criar um microclima agradável. Esse espaço é delimitado por uma pele de alvenaria que possui vários rasgos ritmados com aberturas de 20cm, 40cm, 60cm ,80cm, 100cm e 120cm, preenchidos com cobogós cerâmicos, permitindo a passagem do vento e filtrando a luz solar. Essas aberturas ganham continuidade na laje, acima dos jardins, e são preenchidas também com os mesmos elementos vazados, que são fixados através de uma estrutura metálica auxiliar.
O acesso aos ambientes administrativos acontece por duas circulações paralelas (uma para o público externo e a outra exclusiva para os funcionários) que se comunicam em dois pontos: na recepção e numa circulação perpendicular às duas, de uso restrito. Esses espaços permitem a instalação de mobiliários de espera e convivência e são banhados por um jogo de luz e sombra gerados pelos cobogós. Todos as salas do edifício, possuem esquadrias altas de vidro incolor de 1,30m de altura para a captação de iluminação natural que chega através dos rasgos nas fachadas.
Os materiais utilizados, disponíveis na região, priorizam a redução de custos e a sua funcionalidade: o piso industrial, a textura branca das paredes e a coberta metálica sob platibanda. O contraste do vermelho terroso dos cobogós e o concreto aparente dos pórticos valoriza a natureza própria dos materiais.
Por fim, o ritmo dos rasgos de cobogós conferem dinamismo às fachadas: ora mais largos, ora mais estreitos, gerando movimento. Entretanto, o resultado estético não ultrapassa o que é essencial para os arquitetos, a busca por uma forma simples, a valorização dos materiais locais e, sobretudo, a adequação ao clima local.