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Arquitetos: Vibe Design Group
- Área: 796 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Jack Lovel
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Fabricantes: -, AutoDesk, Big Ass Fans, Caesarstone, Caroma, Carpetworld, Colorbond, Designer Doorware, Falmec, Focus, Franke, Keller, Miele, Mt Angus Sandstone, Multiform Stone, Poliform, ROGER SELLER, Signorino, VALVO, Viridian, +1
O projeto nasce de um sonho profundamente enraizado na história desta propriedade. Um espaço de vida requintado, um refúgio perfeito intimamente conectado com a paisagem natural de Dromana, ao sul da baía de Melbourne na Austrália. A história moderna deste lugar começou com a chegada de uma família de imigrantes pioneiros na região. O percurso que dá acesso à casa é escoltado por velhos ciprestes retorcidos pelo tempo, dando maior profundidade à experiência temporal desta propriedade rural na pequena cidade costeira na Península de Mornington. Por mais de setenta anos, este belo jardim foi cultivado por exímios jardineiros, culminando em uma ampla variedade de espécies de plantas nativas e exóticas que cobrem os dois hectares nos arredores da casa em meio a uma propriedade de mais de 20 hectares.
Os proprietários decidiram então construir uma nova casa para morar em meio a este oásis natural. Mas por conhecer e fazer parte da história do lugar, eles solicitaram um projeto que respeitasse as pré-existências e fizesse delas, sua principal fonte de inspiração. A partir disso, criamos um muro sobre o qual a casa seria implantada. Esta parede de pedra serviria como um elemento de fundação da casa, conectando-a ao jardim e fazendo a integração entre a arquitetura e a paisagem. Do lado de fora, na fachada da casa, painéis opacos suspensos entro o piso e o teto proporcionam privacidade ao interior da casa ao mesmo tempo que controlam a sua transparência. Revestidos em vidro, estes painéis refletem delicadamente a exuberante natureza dos jardins que circundam a casa.
Internamente - estes painéis suspensos se transformam em mobiliário, acomodando uma série de estantes que acolhem os espaços da casa e acompanham a circulação que dá acesso aos quartos de um lado e a cozinha na outra extremidade. Como um móvel embutido em uma parede de vidro, estas estantes parecem flutuar por sobre a grama verde do jardim e o azul do céu acima que se revelam através da transparecia da casa. Como o térreo foi implantado em um platô artificial acima do nível natural do terreno, a casa se transforma em um mirante para a propriedade, desde onde é possível admirar o precioso trabalho dos paisagistas do lado de fora. Entre o piso elevado e a enorme laje plana da cobertura, os espaços da casa encontram-se emoldurados em um pano de fundo verde e profundo. A sua leve estrutura de aço, que dá forma aos montantes das esquadrias da casa e que ao mesmo tempo suporta a laje da cobertura, se assemelha aos troncos das árvores em uma densa floresta australiana. Por outro lado, a materialidade bruta das lajes e muros contrasta com a leveza e a transparência etérea da casa aproximando-a de tudo aquilo que é mais mundano e material.
Muros de pedra fazem a transição das cargas da casa para o terreno, enquanto que os enormes balanços da estrutura parecem contradizer o seu próprio peso. A arquitetura da casa é bastante simples e a sua estrutura elevada sobre pilotis de pedras permite que a natureza transite livremente por baixo de sua estrutura - um projeto de raízes modernistas ainda que contemporâneo. Além da casa, o projeto conta com uma sala de ginástica independente e uma ala separada para hóspedes, com cozinha, salas e banheiros. Complementando o vasto programa do projeto ainda há uma piscina voltada para o leste e com vistas para as colinas verdes e as pastagens.
Os muros de pedra aparecem uma e outra vez, acomodando a casa no terreno e também separando a piscina, mais privada, da área de lazer, mais movimentada. A laje em balanço da cobertura permite que a casa possa estar sempre aberta, ventilando naturalmente ainda que protegida do sol e da chuva. A residência é prática e inusitada ao mesmo tempo. Ela é um meio termo entre estar fora e estar dentro, é como se fossemos convidados a entrar em um jardim dentro de um outro jardim. Uma casa que pousa respeitosamente sobre uma paisagem controlada e cuidadosamente cultivada por décadas e décadas, uma casa modernista sobre pilotis desconstruídos e dissimulados. Nesta casa não há divisão de espaços, não há uma hierarquia muito clara. Deslocar-se por seus espaços é como caminhar por um belo jardim que se revela a medida que deambulamos por entre seus canteiros floridos.