Descrição enviada pela equipe de projeto. Os proprietários jovens deste apartamento em Alto de Pinheiros, São Paulo, desejavam um projeto de interiores compatível com a fase de vida em que se encontravam: espaçoso o suficiente para acomodar a filha e sem excessos que atrapalhassem o modo de vida despojado que levam. Era preciso realmente adaptar a arquitetura do apartamento ao estilo do bairro em que ele se situa: uma região tranquila e majoritariamente residencial, permeada por uma insolação excelente e áreas verdes de sobra.
A planta original, compartimentada, cedeu lugar à integração de espaços, promovida pelo arquiteto, no momento em que a sala aglutinou para si toda a área do terraço que permeia a fachada do edifício. Com isso, esta área “externa” pôde virar uma continuação do living, fornecendo uma quantidade expressiva de iluminação natural para a área social do apartamento. Quanto à reformulação da planta, as mudanças foram mais comedidas. O arquiteto propôs uma circulação enxuta e a interligação do dormitório contíguo à sala com portas de correr. Daí surgiu uma brinquedoteca que pode se ligar, ou não, à parte social.
Durante o decorrer do projeto, é fundamental ressaltar o fato de que o terraço passou a fazer parte da sala, mas continuou com o conceito de varanda. O desnível existente foi mantido e o piso foi revestido em material cerâmico. Era preciso agregar, porém diferenciar. Inclusive, a transição entre o espaço do living para o terraço foi pensada de modo a ser arrematada por um pórtico metálico, elegante e discreto. O vão existente foi alargado e até cogitou-se em executar um caixilho de fechamento, mas a pontuação do pórtico metálico foi suficiente para separar ambos os ambientes sem a necessidade de uma nova camada de vidro.
Vale mencionar que o piso original foi a primeira etapa do projeto a ser resolvida: definitivamente ele seria mantido. O assoalho em Cumarú lustrado pincela diversos tons de marrom em todo o apartamento, trazendo uma superfície quente, de material nobre, a todos os recintos. Tendo como protagonista o piso existente, o projeto embasou sua evolução a partir das possibilidades de combinação entre os tons amadeirados e as cores que não ofuscariam a presença da madeira. Surge, então, a escolha da cor cinza claro como o fio condutor do desdobramento de cores do projeto.
A paleta de tons foi pensada de modo a elaborar um pano de fundo aconchegante, visto que se trata do lar de uma família ainda jovem, com criança. Substituindo o antigo branco e trazendo uma vibração contemporânea ao recinto, o cinza claro se esparrama por toda a parte social. Por cima desta cor suave, os móveis pontuam doses generosas de cores fortes como o laranja e o azul, cores complementares. A partir do azul do mobiliário, as outras partes do projeto decorativo tomaram a mesma vertente, haja vista a sobreposição dos tapetes, dentre os outros objetos.
Nos seus 200m2 de área construída, este apartamento foi lapidado ao longo da reforma por projetos específicos de marcenaria, desenvolvidos especialmente para cada cômodo. Os proprietários foram enfáticos quanto ao custo-benefício de um bom projeto de marcenaria desde o começo. Eles estavam dispostos a arcar com este custo desde que tivessem a certeza da qualidade arquitetônica a ser ganha posteriormente. Os closets e dormitórios foram redesenhados aos ensejos dos moradores, tudo com muita leveza. O projeto pede um desenho sutil e moderno, nada de excessos rebuscados ou peças pesadas.
Sobre o projeto decorativo em si, a escolha dos itens do mobiliário partiu do alinhamento de pensamentos entre arquiteto e clientes. Foram escolhidas peças chave de designers brasileiros e internacionais para enfatizar as modulações de layout. Peças, estas, que receberam cores ousadas justamente para que saltassem aos olhos do espectador, como mencionado anteriormente. Já varanda, um caso à parte, foi pensada como um ponto de relaxamento dentro da casa. Talvez como um jardim de inverno, talvez como um refúgio de tranquilidade, este ambiente reflete a enorme quantidade de verde presente na vizinhança.
O paisagismo do terraço integrado à sala cria uma ambientação convidativa ao convívio cotidiano, de onde se pode aproveitar para relaxar a partir dos mesmos tons usados no living, o cinza adotado como ponto de partida. Com a troca dos estofamentos e o uso de novas texturas, foi possível recombinar a mesma tipologia cromática de modo a garantir que este ambiente faça parte do living sem, no entanto, seguir exatamente o seu padrão decorativo. Dentre as nuances particulares à decoração deste imóvel, fica patente o fato de que a simplicidade e a despretensão conseguem ambientar com sucesso qualquer cômodo, desde que guiadas por um olhar perspicaz.