Descrição enviada pela equipe de projeto. A porcelana branca de Xing representa um marco importante na história da cultura chinesa. A invenção e difusão da porcelana branca de Xing foi uma alternativa a tradicional porcelana de "celadon", uma porcelana esmaltada e de cor esverdeada produzida na China desde a Dinastia Shang. Com o nascimento da porcelana de Xing, a história da cerâmica chinesa se transformava para sempre, dando início a duas correntes de produção de porcelana: o verde do sul e o branco do norte.
No ano de 2012, através de uma enorme empreitada arqueológica, as ruínas de Xing Kiln foram descobertas na cidade de Xingtai, província de Hebei, no norte da China. Este sítio arqueológico revela um passado até certo ponto desconhecido da produção da porcelana branca de Xing, por isso, o governo local decidiu investir alto para preservar as ruínas e construir um museu em homenagem a tão impressionante descoberta arqueológica.
Como um casco protetor, o embasamento retangular do edifício faz a mediação entre um entorno caótico e o singelo espaço expositivo, uma arquitetura introspectiva que protege o seu valioso conteúdo e volta-se apenas para si. Dentro deste volume perimetral encontram-se os laboratórios de pesquisa, a parte administrativa do museu além de toda a infraestrutura técnica necessária para a preservação das ruínas. No coração do edifício encontram-se as ruínas e o espaço expositivo propriamente dito. Acima deste volume central, sob um calmo espelho d'água, erguem-se os volumes escultóricos do museu que abrigam os espaços expositivos e emprestam suas formas das tradicionais porcelanas brancas de Xing.
Estes gigantes volumes cerâmicos, que parecem tigelas apoiadas sobre uma enorme mesa em forma de edifício, abrigam as galerias onde estão expostas os mais variados objetos produzidos em cerâmica Xing e tantos outros objetos arqueológicos de valor inestimável. Como elemento de coesão espacial, as galerias circulares se sobrepõe e se traspassam para criar um percurso contínuo e uma forte conexão espacial e visual entre todas as galerias do museu.
Percorrendo os espaços expositivos perimetrais, os visitantes se confrontam a todo momento com as escultóricas formas circulares que habitam o coração do museu. Durante os dias mais quentes do verão, é possível passear pelo lado de fora e observar de perto estas dinâmicas silhuetas refletidas na superfície estática da água; no inverno, pousando sobre uma fina camada de gelo, estes volumes parecem fundir-se em um único elemento.
A porcelana Xing tem suas origens na dinastia Sui, florescendo principalmente ao longo da dinastia Tang. A base para o desenvolvimento da cultura da porcelana Xing, o Grande Império Tang foi traduzido formalmente como um volume simples e estável, sobre o qual se erguem estes elementos escultóricos que emprestam suas formas das tradicionais peças de porcelana branca. Reinterpretando o passado e sua história, procuramos dar forma a uma arquitetura que, ainda que evidentemente contemporânea, está enraizada na cultura e nas tradições locais.