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Arquitetos: Comunal Taller de Arquitectura, Pobladores de Tepetzintan; Comunal Taller de Arquitectura, Pobladores de Tepetzintan
- Área: 80 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Onnis Luque, Erwin Jaquez
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Fabricantes: Novaceramic
Descrição enviada pela equipe de projeto. A comunidade Nahua de Tepetzintan, localizada na Serra Nordeste de Puebla, possui dois problemas aparentemente isolados. Por um lado, faltava moradia adequada ao local, ao clima e aos costumes da região. Paralelamente, havia o bambu que era considerado um obstáculo para a semeadura de plantações de milho e cafezais, por isso era removido dos terrenos sem receber nenhum destino. Como poderíamos, então, conectar esses desafios?
Com base em nossas visitas e diálogos com a comunidade, propusemos um projeto habitacional que usaria as duas espécies de bambu existentes na região para projetar e construir, de forma participativa, um exercício de moradia que permitiria às famílias dar credibilidade aos materiais locais. O projeto partiu do conhecimento dos usos e costumes das famílias, do entendimento do terreno, dos sistemas construtivos utilizados e da maneira de ocupar o território, sendo parte fundamental do processo de pesquisa realizado com os moradores, utilizando fichas de levantamento.
Uma vez que tivemos um diagnóstico preciso, projetamos uma moradia que atende às necessidades dos moradores, respeitando os principais espaços da casa tradicional: sala / altar, cozinha, varanda, dormitórios e banheiro. O projeto consistiu em consolidar espaços fundamentais como o banheiro, os dormitórios e a cozinha, além de integrar tecnologias ecológicas de baixo custo para a coleta e tratamento de água. Além disso, os princípios bioclimáticos básicos foram integrados para tornar a casa confortável (ventilação cruzada, altura interior, chaminés de saída de ar quente) durante todo o ano.
Como o projeto é regido pela “Produção Social do Habitat”, foi de grande importância treinar a comunidade com a técnica de construção apropriada para o uso do bambu, que garantiu três objetivos principais: transferência de conhecimento, qualidade construtiva e replicabilidade. Foram realizadas cinco oficinas técnicas abrangendo todas as etapas do manejo do bambu, desde a plantação até a montagem da estrutura.
O sistema de construção utilizado é pré-fabricado no local e modular, o que permite um tempo de trabalho eficiente e um gerenciamento correto dos materiais. Além disso, reduzindo as peças ao mínimo permite que elas sejam produzidas mais rapidamente.
A construção foi realizada através de tarefas (trabalho comunitário) nas quais, além de mulheres e homens adultos, participaram jovens do ensino médio local que agora treinam outros grupos de jovens em comunidades próximas. O terreno e o bambu foram doados pela comunidade, a pedra foi obtida no local e a lâmina utilizada no telhado é um produto ecológico, térmico e acústico gerado com alumínio reciclado, que mantém uma temperatura adequada no interior da casa e evita a formação de fungos, bactérias e umidade.
O projeto foi inaugurado em 2015 com uma festa onde o altar foi instalado e o esforço dos moradores foi comemorado. Desde então, temos promovido, junto com a comunidade, o uso de materiais de construção tradicionais que reduzem custos, aumentam a área útil e melhoram a qualidade de vida na região. Atualmente, cinco anos após este primeiro exercício, a comunidade está construindo o projeto “Escola Rural Produtiva” com a mesma técnica construtiva e conhecimento adquirido nas oficinas de capacitação, sendo este um indicador de que foi alcançado o objetivo principal: criar a confiança dos moradores em relação aos materiais locais.