- Área: 96 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Chao Zhang
Descrição enviada pela equipe de projeto. A comunidade Mengsheng, no distrito de Haizhu, em Guangzhou, tem esse nome devido à lenda de que os descendentes de Mengtian, um lendário general da Dinastia Qin (221 aC - 207 aC), residiam ali. O projeto está localizado na Rua Mengsheng, um longo e sinuoso beco. A casa original era de tijolo, de três pavimentos e estrutura de concreto que o proprietário construiu em 1985, com cada andar tendo uma área de apenas 22 metros quadrados. É cercada por edifícios vizinhos muito próximos.
O lado leste da casa toca a parede externa da casa adjacente, enquanto os lados norte e oeste têm um afastamento de 90 e 30 centímetros em relação às casas vizinhas. O beco de 80 centímetros de largura ao sul, que mal permite que duas pessoas se cruzem, é o único acesso que leva à entrada. Além de ser pequeno, comprimido, escuro e perto demais das casas vizinhas, o prédio também apresentava um desempenho térmico ruim e fragilidades estruturais. Essas questões são típicas em reformas nos bairros da cidade antiga.
O plano de renovação começou a partir do espaço interno, com o objetivo de reorganizar as funções essenciais da vida cotidiana dentro do limitado espaço. A operação de criar aberturas entre as lajes permite a integração de todo o edifício e cria espaços interligados. Claraboias foram introduzidas no pavimento superior para permitir a entrada de luz no edifício. Assim, os espaços escuros e claros, abertos e fechados são utilizados para tornar o pequeno interior muito mais espaçoso.
A construção começou com o reforço da estrutura geral. A escada íngreme original, sem patamar, foi substituída por uma confortável escada em U com patamar, como um dispositivo para reorganizar a circulação vertical. As janelas personalizadas nas paredes norte e sul trazem luz natural adicional para o piso térreo escuro. Janelas cuidadosamente projetadas em várias posições nas paredes não apenas trazem luz natural a cada andar, mas também vistas externas para dentro.
No terceiro e último pavimento, há uma pequena sala transparente e um terraço com vista para a cidade. Destina-se a ser um espaço aberto flexível para diversas atividades como admirar a lua, tomar chá ou contemplar a paisagem.
Uma casa não deve apenas acomodar pessoas, mas também seu espírito e seus sonhos. Embora esta casa seja pequena, ela proporciona uma sensação única de serenidade sobre agitação da metrópole. O passeio pelo beco escuro e estreito pode ser um lembrete de um trecho do clássico literário chinês, A Colônia Pêssego, que conta a história de um pescador descobrindo uma "Arcádia" no final de um bosque de pessegueiros: "No início, a abertura era muito estreita, quase não ampla o suficiente para uma pessoa entrar". Depois de percorrer o beco, iluminado apenas por um pequeno feixe de luz, eventualmente "ele se abriu, inundado por luz". Aqui, enquanto se sobe do andar térreo do edifício até o topo, ele gradualmente emerge da escuridão para a claridade e a sensação vai da repressão à libertação. Esta experiência é semelhante à do pescador, assim, o edifício pode ser visto como a reconstrução de uma "Colônia Pêssego vertical".
Pequenos pedaços de pedra marrom com grãos naturais foram escolhidos para o revestimento exterior da casa, uma vez que sua cor combina com os edifícios antigos circundantes. Com o passar do tempo, a textura geral da parede permitirá que a casa esteja ainda mais integrada ao ambiente circundante. Após a reforma, o edifício ainda assume uma presença discreta no bairro, enquanto proporciona uma pausa acolhedora para seus proprietários na movimentada cidade.
Esta pequena casa unifamiliar de apenas 80 metros quadrados é uma pequena célula que compõe o antigo tecido da cidade de Guangzhou. Como um exemplo do processo de micro-regeneração da cidade, este projeto tem uma ambição cultural única para o renascimento dos aglomerados históricos dentro da cidade. Ela representa a resistência e oferece uma opção alternativa que se opõe ao modelo tabula rasa de renovação urbana predominante.