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Arquitetos: Miguel Pinto Guimarães Arquitetos Associados
- Área: 32 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Leonardo Finotti
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Capela GN segue uma tradição da arquitetura brasileira que é a construção de espaços religiosos em residências privadas. Durante o período colonial (séc XVIII e XIX), a maior parte das fazendas tinham uma capela privada. A existência de tal espaço arquitetônico impulsionou inclusive o desenvolvimento de um estilo artístico tão presente no Brasil que foi o Barroco, especialmente o mineiro. Porém, não é comum, na arquitetura contemporânea este tipo de encomenda. Muito embora, no mundo todo, são conhecidos os projetos dos grandes arquitetos internacionais para espaços religiosos, com destaque para Tadao Ando, Shigeru Ban, Renzo Piano, Álvaro Siza, entre outros.
A Capela GN se localiza na região serrana do Rio de Janeiro, coincidentemente muito próxima das históricas fazendas coloniais onde este programa foi tão comum. O proprietário e sua mulher, casados há alguns anos e com filhos já criados objetivavam um espaço dedicado à sua santa de devoção, onde pudessem, em breve, renovar os laços de seu matrimônio e casar os filhos, além de batizar os netos e aí por diante. Me aproveitei da topografia para a criação de um lago, para que o edifício pairasse sobre as águas e também funcionasse como espelho da construção. Sua fachada, duplicada por seu reflexo define a mesma forma curva da planta baixa.
O projeto é definido por três elementos: Uma passarela com 4 metros de largura se equilibra sobre pilares centrais que desaparecem dando a impressão do edifício flutuar sobre o espelho d’água. Na ponta dessa passarela, uma caixa de vidro define o espaço fechado. Envelopando todo este conjunto, 25 pórticos retangulares em aço corten de tamanhos variados emergem da superfície da água e desenham uma curva no espaço, definindo um edifício que se expande e se retrai. Esses movimentos de expansão e contração expressos pela arquitetura reforçam o efeito que se espera das orações e concentração dos fiéis. Tais pórticos funcionam como brises, que trazem sombra e privacidade ao espaço de orações.
O edifício dialoga com importantes movimentos arquitetônicos e artísticos brasileiros. Inicialmente, como já foi exposto, com a arquitetura colonial, que define sua própria existência através do programa da capela privada. Em seguida com o movimento barroco, recorrente na arquitetura religiosa do país, através do desenho das suas molduras metálicas que extrapolam o limite do edifício acontecendo como esculturas no espaço. Exatamente como as esculturas e altares barrocos, que rompiam o limite do seu suporte físico.
E finalmente se apropria do repertório modernista, não só pela presença marcante dos brises, mas também pelo formato curvo da planta baixa e da fachada, tão familiar aos edifícios modernistas brasileiros, em especialmente àqueles que saíram das pranchetas de Oscar Niemeyer ou Sergio Bernardes. Todo o mobiliário foi desenhado pelo escritório de arquitetura e executado em duas madeiras: Cumaru e Peroba. O projeto de luz é do escritório de Maneco Quinderé, um dos mais importantes iluminadores brasileiros egresso do showbusiness, especializado em óperas, teatro e concertos de rock. A nossa idéia era um projeto de luz bastante dramático para esse local de orações.
