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- Área: 2600 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Parham Taghioff
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Fabricantes: FUJITEC Elevators, Fad lighting industry, LG Inventors, Venus glass, Vitra
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Descrição enviada pela equipe de projeto. Ao longo dos últimos anos a capital do Irã, Teerã, vem passando por um vertiginoso processo de crescimento e expansão. Antigos bairros residenciais - povoados por pequenas casas isoladas no lote - estão cedendo seu lugar à edifícios multifamiliares que parecem competir em espaço e altura. Como resultado deste intenso e desorganizado processo de transformação, a cidade de Teerã está assumindo a forma de uma profusão de novos edifício modernos, estruturas monótonas e repetitivas que apenas devido à sua envoltória, somos capazes de diferencia-las umas das outras. Neste projeto tentamos romper com este paradigma, incorporando estratégias de projeto que consideram as especificidades de seu contexto geográfico, histórico, cultural e ambiental.
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O edifício de escritórios SABA se destaca em meio a este conturbado contexto urbano. O volume de nove pavimentos, sistematicamente encaixado em um estreito e profundo terreno de esquina, se adéqua à seu entorno de forma a criar uma série de atravessamentos espaciais e visuais que permitem aos usuários e transeuntes interagirem com a sua arquitetura e com a paisagem de Teerã.
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O lote, limitado por um edifício residencial multifamiliar ao norte e uma estreita rua sem saída ao sul, deixava poucas possibilidades para explorarmos neste projeto. Decidimos segmentar o volume da torre em duas partes, adensando a construção junto às extremidades e liberando a faixa central para o espaço de circulação, mais leve e transparente. Uma grande escadaria aberta flui naturalmente da rua em direção ao coração do edifício, dando acesso à circulação vertical. Esta torre de escadas e elevadores é então atravessada horizontalmente por uma série de passarelas suspensas responsáveis por conectar os dois blocos opostos.
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Junto ao térreo, a porção central do edifício - localizada entre dois blocos- também pode ser utilizada como uma praça pública que permite ampliar a profundidade do espaço urbano convidando os pedestres a entrar e descobrir novas perspectivas da cidade. Os dois blocos diferem entre si em uma série de aspectos, por isso utilizamos diferentes abordagens de projeto para cada um deles e como consequências disso, essa diversidade característica também se faz evidente na materialidade de suas fachadas.
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Formalmente, o volume oeste apresenta uma personalidade mais contida, introspectiva e consequentemente, aberturas menores. Neste caso, optamos por cores neutras e materiais em estado natural, sem revestimento. O bloco leste, por sua vez, foi projetado para manter a máxima transparência, pois é neste ponto que o edifício se encontra mais próximo da rua e da cidade. Através disso, procuramos favorecer a construção de um diálogo direto entre a arquitetura e o seu contexto urbano. Além disso, de frente para a rua de acesso, projetamos um café-restaurante como uma extensão do espaço público no nível da rua.
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Para ampliar a profundidade do espaço público da rua estreita contida entre duas empenas, decidimos por uma implantação angulada e não perpendicular ao limite do terreno. Decidimos adicionar uma segunda pele na fachada para melhor proteger os espaços internos dos escritórios da radiação solar direta. Escolhemos o tijolo como principal material e imagem formal deste edifício, pois é um material amplamente utilizado em Teerã desde os tempos mais remotos. Conscientemente porém, procuramos adaptar este material a um novo e moderno sistema construtivo, capaz de enraizar esta arquitetura na estética de seu tempo. O balanço entre cheios e vazios foi concebido como uma resposta direta ao entorno do edifício, protegendo os espaços internos dos olhos curiosos dos vizinhos enquanto abre amplas perspectivas para as belas vistas da cidade e suas montanhas.
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Estudamos diferentes formas de posicionar a estrutura e as aberturas do edifício, procuramos encontrar a melhor distância e ângulo de visão para cada um dos espaços dos escritórios. Criamos um deslocamento na fachada no térreo e optamos por um fechamento em pano de vidro para chamar a atenção para a entrada principal do edifício, proporcionando máxima transparência às áreas comerciais e para o lobby central dos escritórios que se projeta sobre e acolhe o espaço urbano da cidade.
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