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Arquitetos: Eduardo Borges Barcellos, Garoa
- Área: 1005 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Pedro Napolitano Prata
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Fabricantes: Herman Miller, Led Móveis Corporativos
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto solicitado pela empresa Royal FIC (distribuidora de combustíveis), localizada em Campinas-SP, parte da iniciativa de uma grande mudança estrutural da empresa, passando por suas ações administrativas e de marketing até a criação de um novo espaço de trabalho, demandando um projeto para seu escritório-sede atender as novas necessidades de espaço, estabelecer diferentes relações entre os colaboradores da empresa e de seus clientes. O novo espaço foi desenvolvido em galpão existente de aproximadamente 1.000m²: uma planta livre, de pé-direito duplo com infraestrutura básica e um mezanino na entrada do edifício atendendo uma recepção, algumas salas, banheiros e uma garagem.
O projeto buscou aproveitar ao máximo a espacialidade proporcionada pelo amplo pé-direito, deixando o mezanino pré-existente para atender a parte mais rígida do programa de necessidades, mantendo o núcleo hidráulico para os banheiros (remodelados), área da recepção, salas de manutenção (como TI, depósito e apoio), a transformação da garagem em um espaço de convivência com copa, e uma mudança na circulação vertical, alterando a escada com o acréscimo de um pequeno elevador; e no nível superior novas salas e mais uma área de convivência com uma pequena copa para dar suporte a alguns eventos. Toda a extensão do galpão posterior ao mezanino foi desenhada para atender os postos de trabalho para uma população de aproximadamente 100 pessoas, a sala dos sócios e novas salas de reunião.
O desenvolvimento do projeto e suas premissas se deram em longa investigação de como se estabelecia a dinâmica de trabalho da empresa, a relação dos vários setores de trabalho (18) com diferentes tamanhos, a forma como os clientes usariam o escritório e interagiriam com as diferentes atividades dos colaboradores, os controles de acesso entre os setores e a convivência entre as pessoas. A divisão da empresa em setores fez com que o layout fosse pensado de forma não ortogonal, fugindo da ideia clássica da organização em baias repetidas e paralelas. Então, foram criados espaços específicos para cada setor, privilegiando a interação das equipes em sua atividade própria.
A opção pelo conceito de um escritório aberto fez com que a própria circulação entre os setores os unisse em um conjunto de áreas de trabalho, dando uma importante unidade a todos os setores; além da presença integrada da sala dos sócios e todas as salas de reunião. Portanto, a área principal de atividade do escritório permite contato visual em toda sua extensão, dando um importante aspecto a integração entre todas as pessoas em atuação na empresa, independentemente de sua função, cargo ou atividade. A decisão por esse layout trouxe o desafio de adequar o extenso mobiliário de apoio aos setores (armários para todas as mesas), além do suporte para todos os arquivos, documentos e acessórios do escritório.
Por esse motivo integrou-se de forma perpendicular todos os armários às mesas, criando grandes peças lineares delimitando as circulações e formando os traçados da planta. A associação das mesas com os armários ressaltou ainda mais a ideia das novas “baias”, facilitando a identificação espacial de cada setor, pois cada área tem um desenho único na planta. O traçado não ortogonal do layout redobrou a necessidade por um percurso mais definido para ordenar a circulação principal do escritório, e os armários lineares o definiram numa linha diagonal iniciada desde a recepção até o pé da escada-arquibancada que dá acesso às novas salas de reunião.
Além da elaboração do layout para os postos de trabalho, havia a necessidade da criação de novas salas de reunião e treinamento, totalizando quatro novas salas: três para 8 e 10 pessoas e uma para atender 20 pessoas. Estas novas áreas precisavam ser ampliadas no espaço construído, o mezanino existente não comportava a metragem necessária para as novas salas. Sua ampliação foi feita de forma intermitente e descontínua, e não imediata ao limite da construção pré-existente, mas em uma cota intermediária entre o térreo e o piso superior do lado oposto ao mezanino. Desobstruindo assim a volumetria livre do pé-direito duplo na entrada da área de trabalho, levando a nova construção para o limite do galpão, criando uma área de pé-direito mais baixo para os setores que necessitavam de controle de acesso e divisórias de vidro e portas.
Ao contrário do mezanino existente, a ampliação se situa solta na planta para evitar grandes áreas “sombreadas” e fechadas em um pé-direito baixo numa área tão ampla. Por esse motivo, as novas salas não encostam nas paredes do galpão, elas são pentágonos regulares com fechamento em marcenaria e painéis de vidro sem fechamento superior, com a circulação aberta. As novas salas são o intermédio entre os dois níveis existentes, criando uma nova cota e circulação vertical alternativa à circulação principal. Iniciada ao final do corredor central (diagonal) com uma grande escada-arquibancada, este espaço serve como um elemento de uso diverso, os degraus duplos podem dar uso a um espaço alternativo de trabalho e reuniões informais, abriga todos sentados para projeções e sua parte inferior abriga um grande arquivo deslizante.
O nível intermediário é ocupado por duas salas e segue com mais um lance de escada para acessar a cota do mezanino existente, que por sua vez foi ampliado com mais uma sala pentagonal e a sala para 20 pessoas. Pode-se dizer que o projeto oferece um percurso ao usuário do espaço, cria uma espécie de promenade que o faz usufruir da espacialidade proporcionada pelas dimensões do galpão e as intervenções realizadas, dando uma dinâmica ao espaço de trabalho que busca uma maior interação entre as pessoas. O projeto permitiu explorar espaços contemplativos em coexistência com as características necessárias para o desenvolvimento do trabalho exigido. A ideia do percurso faz com que os diferentes fluxos se façam presente sempre em contraste à constante permanência dá área dos postos, e assim, o espaço todo ganha movimento e fluidez.