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Arquitetos: MacKay-Lyons Sweetapple Architects
- Área: 1350 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Doublespace Photography
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Fabricantes: HanStone Quartz, Luminaire Authentik, Timber Pro Coatings
Descrição enviada pela equipe de projeto. As primeiras três cabanas de uma comunidade planejada para 40 pessoas em Bigwin Island encontram-se localizadas entre bordos, pinheiros e freixos. A vista panorâmica da qual desfrutam, para o campo de golfe e o lago, é cortesia dos cervos da região: a linha de pasto sob as árvores, uma faixa de ar livre através da vegetação, influenciou na implantação dos edifícios e em sua ênfase na transparência entre teto e piso, entre terra e céu. As 40 cabanas seguirão três propostas de desenho, cada uma inspirada em um tipo diferente de paisagem que se encontra na ilha: linear no lago, pátio no bosque e de catavento na pradaria.
O processo projetual de MacKay-Lyons Sweetapple Architects começa desta forma: escutando a terra. Em Bigwin Island havia muito a escutar. As cabanas se encontram em um terreno histórico. Chamadas assim pelo Chefe de Ojibway, John Bigwin, a ilha foi historicamente um local de espaços sagrados, um lugar de importância para a população indígena da região. O primeiro campo de golfe em Bigwin Island foi construído em 1922, e durante décadas a ilha foi palco de um badalado complexo de luxo - a casa de verão de grandes industriais canadenses, estrelas de Hollywood e até mesmo da família real holandesa.
Este projeto é parte do plano do proprietário Jack Wadsworth para a revitalização da ilha. Wadsworth recusou uma proposta de hotel para 150 quartos para construir as 40 casas de hóspedes, que vão de 114 a 125 metros quadrados cada uma, e lançou um concurso de desenho para o projeto, convidando seis escritórios de arquitetura canadenses. Sua visão, apresentada no escopo do projeto do concurso, era uma arquitetura que respeitasse a história da ilha, a estética diferenciada da região de Muskoka e o meio ambiente, empregando técnicas práticas de construção e maximizando a eficiência energética e a sustentabilidade.
MacKay-Lyons Sweetapple Architects venceu o concurso com um projeto que utiliza um vocabulário estilístico modernista para expressar conceitos arquetípicos. Projetadas a partir de materiais naturais, com um desenho simples e assertivo, as cabanas fazem referência aos grandes e protetores tetos das cabanas históricas e casas flutuantes de Muskoka, e inclusive evocam o interior de uma canoa. Cada cabana se conforma a partir de um kit simples de peças: uma varanda protegida, um deck, uma lareira, uma grande sala, um dormitório e um telhado, todos perfeitamente integrados.
Uma caixa extrudada, revestida em madeira de demolição, fica ao lado de um pavilhão de vidro, com uma sala de estar e jantar em planta livre, que são coroadas por um telhado profundo e coberto por telhas de cedro. Característico dos desenhos do escritório, o exterior é discreto e o interior é sensualmente dramático, aerado e elegante - o espaço principal do pavilhão se eleva até o pico da cobertura. A madeira de demolição também recobre o interior dos dormitórios e da lareira, melhorando a uniformidade entre interior e exterior. O dormitório é iluminado naturalmente de cima através de uma claraboia. Os dormitórios e banheiros (dois de cada) são sóbrios e elegantes.
Embora tenham uma aparência sofisticada, os edifícios empregam técnicas de construção práticas e prosaicas. A estrutura da cobertura, por exemplo, é feita com treliças comuns de engenharia, elevadas através de um desenho meticuloso para algo bonito. Um princípio importante na prática de MacKay-Lyons Sweetapple é sempre tocar levemente a terra, para minimizar a interrupção da paisagem. Esta simplicidade do artesanato é, em parte, uma resposta aos importantes desafios de construir em uma ilha durante o curto período de frio entre as temporadas de golfe de outono e primavera. A sustentabilidade ambiental também foi integrada à construção. Os materiais e a mão de obra utilizados são de origem local. O sistema de calefação geotérmica coleta o calor do lago e o irradia para os pisos. No verão, um sistema de ventilação passiva canaliza o ar quente para cima e para fora através do teto inclinado.
A ambição desse projeto transcende as casas de hóspedes individuais; Mackay-Lyons Sweetapple está trazendo à Bigwin Island uma visão de comunidade. Os edifícios se relacionam não só com a paisagem, mas entre si. Estão localizados em grupos, onde sua transparência e abertura estabelecem um vínculo. Os espaços entre eles são suficientemente pequenos para permitir que os vizinhos se cumprimentem; alguns rodearão pradarias do tamanho ideal para refeições ao ar livre e brincadeiras infantis.
Ao mesmo tempo familiar e experimental, respeitosas e assertivas, e duráveis o suficiente para enfrentarem o clima exigente de sua localização, enquanto fazem uma referência elegante a sua herança e beleza em camadas, as cabanas de Bigwin Island oferecem uma resposta equilibrada, inventiva e sustentável a um desafio arquitetônico complexo.