Descrição enviada pela equipe de projeto. O Centro de Serviços Star Camp está implantado em um terreno acidentado em meio a floresta e as montanhas do Parque Nacional Florestal de Zhangjiajie, no sul da China. O parque é uma das principais atrações das região de Wulingyuan, que em conjunto com as Reservas Naturais de Suoxiyu, Tianzishan e Yangjiajie, foi declarada Patrimônio da Humanidade em 1992, atraindo milhares de novos visitantes e turistas.
Em resposta ao crescente número de visitantes, o Star Camp foi concebido como uma estrutura de apoio ao parque de Zhangjiajie, fornecendo treinamento específico para aqueles que pretendem encarar desafios maiores, além de atividades ao ar livre e uma série de instalações complementares como banheiros, restaurantes e lojas.
Isolado em meio à natureza, o projeto do edifício nasce da sua relação com a topografia, procurando um equilíbrio entre a arquitetura e a paisagem. O edifício é composto por vários volumes, uma estrutura fragmentada que vai se encaixando no terreno de forma a equalizar as diferenças de níveis. Finalmente, cada um destes volumes ou platôs, abriga uma função distinta, as quais são posteriormente conectadas por meio de um percurso que muito se assemelha ao caminho das trilhas por entre as montanhas do parque.
Com uma área total de apenas 650㎡, o Star Camp se organiza em três diferentes níveis. O acesso ao edifício se dá através de um vasto jardim em forma de praça que dá as boas vindas aos visitantes e os acolhe junto ao lobby da sala de eventos. Seguindo o percurso natural dos espaços do edifício, chegamos até o café e à sala de chá, os quais se encontram um metro acima do nível de acesso, e contam com uma grande plataforma externa que se conecta por sua vez à praça de acesso através de uma escadaria. Este terraço se configura como um espaço de encontro e socialização, desde onde é possível ter uma bela imagem da paisagem do parque, bem como dos espaços de transição entre o program ou entre os volumes do edifício. Percorrendo seus espaços, os visitantes podem acessar às coberturas destes volumes, concebidas como jardins onde as pessoas podem acampar enquanto se preparam para a expedição ao interior do parque. Na seguinte plataforma, um metro acima, encontram-se os vestiários e espaços de apoio. A própria estrutura do edifício pode ser escalada e explorada como se estivéssemos em meio a um desfiladeiro, como se fosse uma espécie de treinamento que anuncia os desafios e as emoções que estão por vir.
Esta estratégia projetual resolve dois problemas de uma só vez: a função do edifício como centro de treinamento e a adequação da estrutura à topografia acidentada do terreno. Mas neste sentido onde a natureza informa o projeto do edifício, como a paisagem responde à esta arquitetura?
Antes de qualquer edifício ser construído neste lugar, havia somente a natureza. Sem a intervenção humana, é a paisagem que nos acolhe, que nos rodeia. Com este projeto, esperamos que as pessoas possam descobrir uma paisagem outra, e principalmente as suas relações com o espaço construído.
Durante o processo de projeto, procuramos nos apropriar da topografia e da paisagem para melhor definir os métodos e sistemas construtivos assim como a geometria do próprio edifício. Os novos elementos inseridos - como a praça, as plataformas, as escadas e os pátios interiores - constroem uma nova relação entre a arquitetura e a paisagem, um percurso que enriquece a experiência espacial dos visitantes.
Em frente ao acesso principal, as paredes e muros que definem ora os canteiros, ora as plataformas ou as escadas, parecem ter sido perfeitamente inseridos na paisagem, como se fossem uma extensão natural de sua topografia. Através dos espaços do edifício, os elementos construídos vão dando forma a esta nova forma de experimentar o espaço, direcionando as vistas e transformando a paisagem natural em algo mais abstrato, concreto.
Além disso, a medida que os visitantes se deslocam pelo percurso exterior do Star Camp, por entre os volumes do edifício, eles vão descobrindo novas perspectivas ou novas paisagens, uma paisagem construída a partir da arquitetura. Observando a natureza ao redor, desde o interior de um pátio, acima da cobertura ou sobre o terraço no jardim, a paisagem do parque parece um cenário perfeitamente integrado à arquitetura. “A paisagem mais encantadora não é aquela mais pura, selvagem, mas aquela capturada ou emoldurada pela arquitetura, definida pela intervenção humana e por isso, mais próxima de cada um de nós.”