-
Arquitetos: Luciano Kruk
- Área: 185 m²
- Ano: 2018
-
Fotografias:Daniela Mac Adden
-
Fabricantes: Barugel azulay, Blainstein, FV Ferrum, Fábrica de Luz, Nivel
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa nas Árvores foi projetada para ser construída em Costa Esmeralda, a treze quilômetros ao norte da cidade de Pinamar e a quatro horas da cidade de Buenos Aires, no Bairro Marítimo II, o qual se dispõe linearmente paralelo ao mar. Uma frondosa faixa de pinheiros media o bairro e a costa, respeitando os 200 metros de recuo estabelecidos pela legislação da província. O lote apresenta sua cota mais alta na parte da frente, descendo conforme se distancia da rua, no mesmo sentido das dunas de areia que terminam no mar.
A encomenda do cliente consistia em uma casa de descanso que pudesse eventualmente ser alugada. Deveria cumprir um programa típico: um dormitório principal, dormitórios secundários, uma área de uso social e uma piscina. Queriam que, refugiada no bosque, a casa tivesse um espírito de mínimo impacto em relação a seu entorno. Apoiada sobre um volume estrutural de impacto mínimo - que abriga o acesso, locais de serviço e sala de máquinas - a casa se dispõe na cota mais alta do lote. Decidimos implantar a casa para além dos recuos mínimos estabelecidos pela legislação. Envolta pelo bosque de pinheiros, a casa se fundiu na atmosfera natural da paisagem, o que lhe deu privacidade e possibilidades de envidraçamento.
Em relação ao pedido de baixa manutenção, se planejou uma casa inteiramente construída em concreto aparente e vidro. O alumínio anodizado bronze escuro foi escolhido para os fechamentos externos, com a intenção de tornar os caixilhos invisíveis e enfatizar o contraste dos vãos com o envoltório de concreto. No primeiro pavimento - elevado a dois metros em relação ao nível natural do terreno - foram dispostas as atividades comuns; enquanto por cima delas, tomando maior altura, se organizou a planta dos dormitórios. Uma parede que emerge desde o terreno até o nível da cobertura organiza ambas as plantas. Os locais úmidos foram dispostos orientados para a rua e os mais nobres se resguardam no bosque.
O pavimento mais baixo, de uso social, apresenta, tanto em suas laterais, como na frente, paredes baixas, abrindo-se à fachada posterior por meio de elementos de madeira de piso a teto a uma varanda-mirante que, envolta pelas copas dos pinheiros, serve de expansão à área de estar e jantar. Com exceção de poucos pilares metálicos dispostos sobre o perímetro do envoltório, a maior parte da estrutura se localiza no centro da planta, o que a torna praticamente imperceptível de fora. No nível superior, dos dormitórios, as paredes laterais sobem até o nível da cobertura, gerando intimidade nos ambientes em relação às construções vizinhas.
Em relação à iluminação natural se propôs hierarquizar o espaço da escada por meio de uma claraboia na cobertura. Dessa forma, a frente é protegida do sol vertical do norte por meio de lajes que, atuando como beirais, sobrevoam os dois pavimentos. A piscina foi projetada destacada do solo, como um elemento elevado de estrutura independe, conectado à área social por meio da expansão semi-coberta. Com o objetivo de não interferir na continuidade visual da casa com o verde, ela foi implantada de modo perpendicular ao volume construído.
A Casa nas Árvores procurou camuflar-se com o bosque para aproveitar seus aromas, texturas e vistas próprias de seu frondoso ambiente natural, tão potente e ao mesmo tempo tão sutil para os sentidos. O volume superior parece flutuar como uma caixa maciça e compacta sobre o pavimento inferior, de caráter mais transparente e leve. A austeridade e honestidade material pétrea buscaram garantir a durabilidade ao longo do tempo, enquanto a síntese arquitetônica de suas plantas representa mais do que o reflexo de um modo de vida semelhante.