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Arquitetos: ATV Arquitectos
- Área: 510 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Albano García
“Vocês em música e nós em arquitetura, a todos nos interessa a estrutura. Para mim a estrutura é a criadora da luz. Quando escolho uma ordem estrutural que exige um pilar depois do outro, assim surge um ritmo: não luz, luz, não luz, luz, não luz, luz (...) A arquitetura cria a sensação de estar em um mundo dentro de outro mundo (...)”
Louis Kahn, em L'Architecture d'Aujourd'hui
Implantada em um terreno do Bairro Nordelta, província de Buenos Aires, com condições topográficas particulares, dadas tanto por sua geometria quanto por sua relação com o lugar, a casa tenta abordar a problemática projetual que representa o pensar na residência no âmbito de um bairro privado. Rodeado por água em dois de seus lados, até onde a vista alcança, e lidando com uma construção existente, o edifício busca gerar diálogos permanentes com o entorno. Algumas das perguntas que fundamentaram o processo projetual tem a ver com a relação interior-exterior. Como se deve habitar esta paisagem? No que implicaria redefinir o doméstico?
A casa propõe como eixo desta questão a definição de uma paisagem interior; um pátio que não só articula os diferentes usos da casa e sua lógica de habitabilidade, mas também que se apresenta como um espaço que articula duas paisagens exteriores: a interna e a externa. A partir deste vazio, o espaço se redefine como uma série de transições verticais e horizontais, entre o público e o privado, buscando dissolver os limites. No térreo, a piscina flutuante sobre a ravina articula a lagoa com a sala de estar e a área semi-coberta da churrasqueira. A sala aparece como um lugar intermediário entre dois exteriores diferentes; um "exterior próprio" e aquele que pertence à paisagem. No pavimento superior, os dormitórios estão contidos em dois volumes definidos também pelo vazio do pátio, que dão respostas diferentes ao ambiente.
Focando na questão material-estrutural, o projeto investiga o par concreto-madeira, propondo o primeiro como o material que define a estrutura tectônica-espacial do projeto. As paredes divisórias suportam as lajes que, por sua vez, ficam penduradas nas vigas superiores. A estrutura, com suas diferenças de texturas e dimensões, define os limites dos espaços e se faz presente valorizando a planta liberada da parte pública, e possibilitando que este espaço seja totalmente etéreo em relação aos seus limites, já que os caixilhos podem ser abertos na sua totalidade para formar um espaço semi-coberto contínuo. O limite é o horizonte da paisagem que o lugar coloca.