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Arquitectos: Sol89
- Área: 250 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Fernando Alda
Descrição enviada pela equipe de projeto. O tecido urbano do centro de Córdoba é constituído por quadras densas cobertas por uma infinidade de pátios que conferem a este lugar o caráter de um espaço nunca totalmente conhecido. Ao entrar no interior deste lote, encontramos um amálgama de edifícios de diferentes épocas, onde cheios e vazios conferem luz, ventilação e privacidade ao interior. Este território de luz e sombra é articulado por toda a coleção de espaços intermediários que nutrem o patrimônio arquitetônico do sul. Becos, corredores abertos, passagens, pátios, galerias e, finalmente, a paisagem fragmentada dos telhados, formam uma rede de espaços vazios, entremeados pela densidade urbana, dando continuidade ao espaço público que acaba entrando no coração edificado.
Nesse contexto, temos que projetar a expansão de escritórios localizados em uma casa de três andares. Com a incorporação de três novas instalações, duas no térreo e uma no pavimento superior, são criados fluxos independentes entre uma área e outra, garantindo a coesão final do espaço de trabalho resultante. Propomos a intervenção desenhando sem levantar o lápis do papel, definindo um espaço contínuo que, dos escritórios originais, serpenteia pelo interior da quadra, passando por pátios, entrando na densidade construída, escoando quando necessário até atingir a cobertura. Para sublinhar essa condição contínua do espaço, optamos por pavimentos, coberturas e revestimentos externos que continuam em toda a intervenção.
Um piso de concreto, elevado e aquecido atravessa espaços interiores e exteriores; o telhado é resolvido com um painel acústico de ripas de madeira inserido entre a estrutura de concreto original que adquire uma nova expressividade quando emoldurada por ela. Finalmente, quando o volume do novo espaço de trabalho surge para atender o escritório original em suas várias dimensões, ele é revestido com chapas de aço galvanizado e é organizado por meio de diferentes volumes nos pátios, enfatizando seu status como um dispositivo autônomo inserido nas lacunas existentes. As peças de mobiliário, as áreas definidas pelo teto acústico e a ventilação cruzada proporcionada pelos pátios limitam os locais de trabalho sem divisões, esclarecendo a diafanidade da planta.
A intervenção busca aprimorar os conceitos de transparência, seqüência e gradiente típicos das articulações tradicionais dos centros amplos e heterogêneos das cidades históricas do sul, sem perder de vista o desejo de costurar os espaços disponíveis para ampliação, fragmentados e independentes em um primeiro momento e contínuos e articulados após a execução do projeto. O espaço em forma de ar e luz penetra, assim, na massa construída, como um elemento contínuo que pertence à cidade e é domesticado dentro da quadra.