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Arquitetos: Estudio Flume
- Área: 106 m²
- Ano: 2018
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto e obra para ampliação da Cooperativa das Mulheres Produtoras de Castanhas de Caju, em Nova Vida, Bom Jesus das Selvas – MA, transformou uma pequena casa da comunidade na sede de trabalho do grupo e, também, num ponto de encontro dos vizinhos. A proposta pretende fortalecer o senso de comunidade no local de trabalho, buscando estimular a redução da pobreza. Observamos os materiais disponíveis neste pequeno povoado para desenvolver o projeto, num processo de criação coletiva com a comunidade. Com base em princípios bioclimáticos, o projeto incorpora conceitos de conforto térmico para atender a demanda por um espaço com baixo custo de manutenção, em um clima tropical semiúmido. Portanto, foi proposto o bloco cerâmico de 8 furos, assentado horizontalmente, como principal elemento construtivo, além das portas pivô venezianas. Estes elementos garantem a constante ventilação dos ambientes, fundamental para as regiões do Nordeste caracterizadas por altas temperaturas.
A necessidade de se construir de forma rápida, simples e econômica, com reaproveitamento máximo da residência existente de alvenaria autoportante, levou-nos a ampliar o projeto incorporando o menor número possível de variáveis. Por isso, trabalhamos principalmente com o tijolo cerâmico, o mais popular na região, assim como a técnica construtiva da alvenaria. O aprendizado com a dinâmica de trabalho de seis mulheres da cooperativa (Eliane, Francisca, Maria Rita, Leudiane, Solange e Nacely) nos permitiu organizar um fluxo no programa que facilitasse também a rotina de trabalho. A ausência de equipamentos públicos na comunidade nos motivou a pensar em elementos como a marquise e banco de concreto: eles são um convite para que a comunidade se encontre e compartilhe aquele espaço. Entre a área de cocção da castanha e a área de quebra da semente, foi criado um pátio interno como espaço articulador que funciona também como área de secagem das castanhas ao sol. Este pátio interno, assim como o jardim externo, propõe-se a funcionar como o lugar de encontro da comunidade. Este espaço foi completamente fechado com tijolo cerâmicos na horizontal, permitindo maior ventilação, iluminação e permeabilidade entre dentro e fora.
O local do projeto, no interior do Maranhão, inserido na área dos cocais (transição entre os biomas da Amazônia e do Sertão), levou-nos a aprender mais sobre técnicas locais de construção. Princípios da permacultura foram incorporados ao projeto, por estar inserido em uma região ausente de sistema de esgoto ou abastecimento regular de água potável. A construção tem coleta de água da chuva para que os produtores possam gerenciar seus recursos hídricos durante a estação seca; Biodigestor de fossa séptica para o tratamento de esgoto e círculo de bananeiras para filtrar as águas cinzas. Estes sistemas demandam manutenção, e por isso, estimulam a conscientização da comunidade para os recursos disponíveis. O contato direto com estas técnicas econômicas também permite que elas sejam difundidas e replicadas na comunidade.