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Arquitetos: RH+ Arquitectos
- Área: 3030 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:João Morgado
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Fabricantes: Bindopor, Bisazza, CIFIAL, Casa Dolce Casa, Casamood, Catalano, Cortizo, Florim, Starpool
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto, que tem uma área bruta de 3030 m2, insere-se numa área consolidada da cidade do Funchal, marcada pela grande heterogeneidade tipológica das edificações envolventes. As significativas variações topográficas e a localização foram determinantes para a conceção deste conjunto maioritariamente habitacional que inclui também uma vertente de Hotel. Vinte e um apartamentos de luxo compõem este conjunto habitacional, opção que se vê refletida na escolha dos materiais, acabamentos e paleta de cores, tanto no interior como no exterior.
O seu desenvolvimento em dois blocos garante um maior desafogo, melhor exposição solar, e melhores possibilidades a nível de vistas. Os volumes dissociam-se da via e dos demais limites do terreno, abrindo espaço para que o edifício assuma a sua presença na envolvente com maior independência, reforçando a sua identidade arquitetónica. Surgem, também assim, áreas verdes ao seu redor, com diferentes características – tanto de utilização comum, como uma utilização privativa, de onde se destaca a sebe que marca a fronteira entre a Rua João Paulo II e o edificado. A criação deste elemento verde teve como objetivo fundir a vivência urbana da envolvente com o novo edificado evitando-se, desta forma, uma fronteira demasiado rígida entre esta coexistência. Este elemento assume ainda grande importância para a vivência espacial dos andares térreos, na relação com a envolvente próxima.
Ainda que parta de uma definição volumétrica mais pura, houve uma desconstrução da mesma, adaptando-a ao local e envolvente. Os panos de parede, que confinam o edifício, ora avançam ora recuam, ou são interrompidos, para dar lugar a vãos e à definição de varandas, que resultam como extensões do espaço interior. Esta desconstrução foi também conseguida através da opção de dar valor estético ao betão, que vê assim a sua função estrutural diluída. A utilização de elementos cerâmicos verticais de grandes dimensões, com padrão de mármore escuro, é o principal elemento que pretende conferir o ar distintivo e luxuoso ao conjunto edificado. O acabamento polido reflete a envolvente, em particular o céu, suavizando a matriz modular do edifício, e conferindo uma noção de profundidade às superfícies retilíneas.
O espaço interior segue um padrão estético mais depurado, de grandes planos e linhas simples, corporizados por materiais como a madeira escura (Nogueira) e os painéis cerâmicos claros, que se complementam para criar uma imagem de requinte, mas facilmente adaptável à vivência espacial e opções de decoração dos seus habitantes.
A proximidade com uma unidade hoteleira, pertencente ao mesmo promotor, possibilitou que, ainda que inserida na mesma unidade volumétrica, por meio de circuitos independentes, fossem criadas nove novas unidades de alojamento, bem como um Spa e piscina interior, os quais o hotel não dispunha atualmente. Neste caso o nome do hotel –Gardens – foi o mote para algumas das opções a nível do design de interiores. A presença de elementos verdes - como o são os jardins verticais e o revestimento da piscina, onde se misturam vários tons de verde,- remetem para um meio natural, como se de um jardim interior se tratasse, domesticado pela geometria do espaço e pela presença de elementos decorativos. Como exemplo destes elementos decorativos temos o conjunto de luminárias, constituído por tubulares metálicos, com acabamento em forja negra, um material mais cru.
O universo dos jardins volta a estar presente nos quartos de forma clara através do painel de cama personalizado, com um padrão vegetal de recortes tropicais. Os materiais ajudam a definir áreas distintas nos quartos: os painéis com acabamento em pele revestem a área mais funcional, onde se inserem os armários; os painéis cerâmicos confinam a instalação sanitária, que liga, em termos de decoração, com a área de dormir através de aplicações em mármore. A área de estar, por seu turno, é marcada pelo ritmo vertical do ripado aplicado nas paredes, com o qual se cria uma métrica em que se inserem os equipamentos e peças de mobiliário. O metal com acabamento forja preto foi também utilizado nas unidades de alojamento, encaixilhando a divisória de vidro do duche, e a estrutura do lavatório, remetendo para uma estética simples e mais industrial.