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Arquitetos: Merooficina
- Área: 340 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:José Campos
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Fabricantes: Fermax, Hager, O/M Light - Osvaldo Matos, Robbialac, Umbelino Monteiro
Descrição enviada pela equipe de projeto. Durante as últimas décadas, este edifício situado na Rua Dr. Avelino Germano, no centro histórico de Guimarães, foi uma construção devoluta, onde apenas restava a memória de uma antiga loja de lanifícios, a “casa lany”, que usava os pisos superiores como armazém de tecidos.
Da interpretação da antiga planta de 1569 e das cartas de Bernardo Ferrão, poderá perceber-se que a ocupação do lote, onde se insere a casa, remonta aos primórdios da fundação da cidade, à antiga “Vila baixa”, mais tarde Vila de Santa Maria da Oliveira. A intervenção pretendeu reprogramar a parte superior deste antigo edifício, adaptando-o aos tempos que vivemos e devolvendo-lhe a sua principal função, a habitação.
O edifício caracteriza-se pela presença de uma parede estrutural longitudinal, que parte a construção em duas. Uma divisão enfatizada pela suave torção do alçado de tardoz e pela divisão das varandas do alçado frontal, indiciando a anterior existência de duas casas independentes. Este elemento construtivo, de génese tradicional - uma parede de rodízio - sugeriu a nova distribuição tipológica dos pisos superiores: dois apartamentos, um por piso, na parte norte e dois apartamentos duplex, na parte sul, tentando- se, assim, respeitar as premissas construtivas e morfológicas originais da(s) casa(s).
A reabilitação foi feita aproveitando e adaptando os métodos tradicionais: recuperando e reforçando a estrutura em madeira, pedra e tijolo de burro existente; Dotando os pisos de madeira, as paredes de rodízio e as paredes de tabique de um melhor comportamento térmico e acústico; Mantendo as caixilharias, as portas, as portadas e os vários elementos construtivos e decorativos, que marcam as várias épocas que ocuparam a casa; E definindo as cores e novos materiais utilizados seguindo as directrizes do arquitecto Fernando Távora, para as intervenções no centro histórico da cidade.
Durante esta recuperação, tentamos trabalhar quase como um detective ou um arqueólogo, não demolindo, nem introduzindo novas paredes, apenas abrindo e fechando vãos, como era prática habitual em operações de melhoramento ou emparcelamento. Os novos elementos introduzidos, como o mobiliário e as escadas metálicas ajudaram a reconfigurar o espaço e adaptar as novas infra-estruturas, conferindo às antigas divisões novos usos e um renovado conforto.
Desta forma, tentamos dar continuidade ao respeito pela circunstância e pelas características essenciais, que condicionaram a actualização do edifício, mas que também ajudaram a manter de uma forma simples e análoga a memória evolutiva deste mítico local.