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Arquitetos: The Purple Ink Studio
- Área: 22000 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Niveditaa Gupta
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Fabricantes: Asian Paints, AutoDesk, Brown Kota & Black Granite, Ganesh Sign Boards, Lumion, Madhavi constructions, Otis, Prashali Bricks, Trimble, UPVC Windows, Z.S Fabricator
Descrição enviada pela equipe de projeto. Vanam significa literalmente 'floresta' em sânscrito. O Axis Vanam, ou floresta axial, é um projeto residencial que procura se inserir como um oásis verde e tranquilo dentro de um tumultuado centro urbano no sul da Índia. Ele foi concebido como uma espécie de filtro natural, uma estrutura que pretende fazer a mediação entre dois âmbitos muito diversos: o domiciliar e o urbano. Ainda que localizado no centro de uma cidade de mais de oito milhões de habitantes, o Axis Vanam encontra-se em frente a um dos maiores parques urbanos de Bangalore. Desta forma, ele foi projetado para operar como um elemento de transição entre a amplitude da área verde e o confinamento do espaço urbano, jogando de forma muito inteligente com os limites entre estas duas escalas.
Localizado no coração de um dos bairros mais movimentados de Bangalore, o Avis Vanam é um edifício residencial de vinte unidades habitacionais e cinco pavimentos. Todas as unidades contam com uma extensa área de fachada, amplas aberturas e abundante iluminação e ventilação natural. O núcleo de circulação central é aberto na medida do possível, iluminado através de uma série de aberturas zenitais que também auxiliam a ventilar permanentemente os espaços interiores minimizando a dependência dos sistemas mecânicos de circulação de ar.
As unidade são bastante compactas, mas apesar de cada apartamento contar apenas com dois quartos, eles possuem uma área flexível adicional, planejada de forma integrada com os espaços abertos exteriores. Desta forma, este ambiente de uso comum relativamente reduzido se expande para o lado de fora, ampliando a sensação de continuidade do espaço. A estrutura das varandas possuem um mecanismo muito peculiar, elas foram concebidas para funcionar tanto quanto um deck exterior quanto como um jardim. Isso porque um detalhe incorporado da laje permite preencher a parte inferior com terra, nivelando o jardim com o restante do piso. Além disso, como se revela na fachada do edifício, nenhuma unidade é igual à outra. E o que é melhor, a estrutura dos apartamentos foi concebida de forma flexível, permitindo adaptá-la aos diferentes estilos de vida de cada morador. Formalmente, as varandas foram projetadas para induzir a ventilação natural, colaborando com o efeito chaminé no edifício como um todo. O posicionamento das varandas foi pensado de forma que todas as varandas contam com pelo menos uma parcela da área exterior com pé-direito duplo, permitindo o plantio de árvores maiores.
As varandas assumem um papel de “deck-jardim”, uma estrutura híbrida que permite aos moradores escolher a função que mais os agrada. Contrapondo-se ao tradicional edifício de apartamentos, as varandas mais se parecem como uma grande floreira habitada – o que não deixa de ser verdade. A configuração não linear – e tampouco simétrica – destes elementos de fachada, colaboram com o aprimoramento da geometria geral do edifício. A estrutura da varanda permite que o parapeito desça até o nível mais baixo da viga, o que, naturalmente, permitiu criar aberturas mais altas delimitadas pela parte inferior da viga de piso do pavimento superior.
As fôrmas para a concretagem das varandas foram concebidas como um sistema linear reutilizável. Para o desenvolvimento e calibragem do sistema de cofragem, foram desenvolvidas várias maquetes em escala 1x1 até chegar ao formato final, um módulo de fôrma metálica de 1x20 por 1,80 metros. Embora a ideia inicial tenha sido utilizar elementos pré-moldados de concreto, o reduzido orçamento da obra fez com que a concretagem tivesse que ser feita manualmente in-loco. As mesmas fôrmas foram utilizadas para a concretagem das floreiras, as quais foram executadas com um meio-módulo de varanda.
A paleta de materiais do edifício foi escolhida para harmonizar com as áreas verdes das varandas e floreiras. Na esquina frontal do edifício, as varandas foram revestidas com elementos cerâmicos, destacando suas formas e o jogo de pé-direito duplo característico de sua arquitetura. O revestimento cerâmico de 12 mm de espessura, juntamente com a textura do concreto aparente, são os elementos tangíveis que dão cara e identidade à este edifício. Além disso, as formas fluidas destes elementos em balanço assim como as sombras que eles projetam, realçam ainda mais as características tectônicas da arquitetura do edifício.
O piso das áreas de uso comuns foi executado em pedra natural, enquanto que no interior dos apartamentos, o acabamento é em concreto polido. A vegetação incorporada ao edifício é composta por plantas nativa da região. Cada varanda conta com ao menos uma árvore, enquanto que o restante das áreas de plantio ficam à disposição para que os moradores façam suas próprias escolhas. Estas floreiras e jardins dão à possibilidade para que os moradores cultivem suas próprias verduras e plantas ornamentais. Espera-se que, ao longo dos anos, as superfícies de concreto sejam ocultas pela vegetação cultivada pelos moradores do edifício. Desta maneira, o Axis Vanam procura se firmar como um filtro natural entre o ambiente de vida e a cidade, matizando um pouco mais a relação entre a impessoalidade do espaço urbano e familiaridade do espaço domiciliar.