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Arquitetos: Ayllón Paradela Deandrés Arquitectos
- Área: 249 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Miguel Fernández-Galiano
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Fabricantes: AutoDesk, Cemex, Grupo Diaz Redondo, Placo, Saint Gobain Isover
Descrição enviada pela equipe de projeto. Atualmente existe a demanda de uma arquitetura com uma flexibilidade para além do esteticamente funcional. A capacidade de mutação do doméstico é o que define a casa contemporânea, entendendo esta como um acumulador de rituais mutáveis e indeterminados. Assim, a residência deve ser capaz de acolher tanto o programa previsto como o imprevisto, imaginando-se, ao mesmo tempo, como um lugar de refúgio, marco do ócio e, inclusive, espaço de trabalho.
Como resposta a tais premissas se concebe a casa como um detentor de múltiplos cenários sobrepostos, que permitem que a adaptabilidade de uso ao longo do tempo seja máxima. Se imagina uma casa essencial, na qual os elementos de serviço se reduzem ao mínimo em favor de espaços livres, abertos e flexíveis - cenários domésticos. Definitivamente, o objetivo é que a casa maximize as oportunidades de uso para que seus habitantes vivam como queiram e não como a residência os imponha.
Para tanto, a casa é enterrada no terreno e ao mesmo tempo se eleva em relação a ele, permitindo liberar o térreo. Assim, se gera um ambiente intermediário aberto-coberto de acesso à residência, um grande limiar que faz parte do pátio no qual se transforma todo o lote, entendendo esse espaço como um ambiente a mais da casa. Os pavimentos superiores alojam uma grande área de estar polivalente e os dormitórios, enquanto a área baixa abriga um espaço multifuncional de trabalho ligado a um generoso pátio inglês. Assim, conseguimos obter em um lote de pouco mais de 200 m2, uma casa de 250 m2 com espaços externos associados de mais 250 m2.
Ao mesmo tempo, a casa se integra ao bairro de forma sutil e natural. Atendendo ao entrono próximo, utiliza materiais tradicionais predominantes nos edifícios da região, mas a partir de uma revisão contemporânea. Se aposta em uma construção racional e sincera, onde os elementos que formam a estrutura e os fechamentos se mostram de forma clara e honesta, determinando a materialidade da casa.
Assim, o térreo fica definido pela parede perimetral de tijolo aparente na qual se apoia a casa, que também serve de suporte para que cresçam as videiras, heras e jasmins que fornecem aromas e cores diferentes ao longo do ano.
Nos pavimentos superiores, o tijolo aparente é utilizado como material estrutural nas paredes divisórias para suportar as lajes pós-tensionadas liberadas pelas plantas. Entretanto, nas frentes, a parede de tijolo desdobra-se por falta de sentido estrutural, sendo entendida como uma fachada estratificada que permite que as molduras de madeira de larício deslizantes que compõem as aberturas sejam alojadas no seu interior. Em termos de energia, a grande inércia térmica do complexo, aliada à ventilação natural e à proteção solar ajustável de todas os cômodos, junto à utilização de um piso radiante/refrigerante com produção de energia aerotérmica, garantem tanto uma demanda reduzida, como um baixo consumo de energia.