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Arquitetos: Q_arts Arquitetura
- Área: 415 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Renan Costantin, Antonio Valiente
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Fabricantes: AutoDesk, Eliane, Gaviota Brasil, Grohe, Isover, Pauluzzi, Roca, Saint-Gobain, Trimble, Unilux
Descrição enviada pela equipe de projeto. O bairro Chácara das Flores surgiu e cresceu nas barras dos montes da região norte da cidade e leva o nome de uma antiga propriedade que abrigou durante muito tempo uma importante floricultura da região. A casa é a sede do que ainda resta destas velhas propriedades. A aproximação sobre as preexistências naturais conduziram a decisão de implantar a edificação nas áreas mais baixas, de forma a não intervir nas visuais para os morros. O relevo irregular e a proximidade com o arroio, sugere a implantação em dois níveis.
O pavimento térreo reúne o acesso à residência e à garagem. Também uma área social integrada que se prolonga através de uma varanda (profunda) voltada para a piscina, pomar e jardins. A ideia de concentrar o programa principal no nível superior, é justificada pela sua implantação na baixada em pleno caminho das águas da chuva.
A orientação solar também foi um importante condicionante para a implantação e zoneamento. A planta do nível superior se abre em busca do sol para o quadrante norte: a galeria que compõe este perímetro, organiza a circulação e a distribuição para as áreas íntima, social e de serviços de forma independente. Buscando outros significados para a circulação, esta conforma uma grande varanda que abraça o pátio interno, criando desta forma, uma sequência de intermedialidades.
Esta configuração, organiza a residência em três alas: A leste (onde estão situados os dormitórios e sanitários), a oeste (zona de serviços) e a sul, a área social integrada. E a forma, foi apenas a consequência destas definições. A lareira é o cerne da casa: o fogo no centro do lar, como na arquitetura vernácula de tantas culturas. Ela é a transição entre as alas íntima, de serviços e social. Ela também participa como elemento de fachada no eixo de simetria. O seu desenho foi condicionado de maneira a formar um recorte destas paisagens, buscando as vistas dos morros.
As linhas puras e retas contrapõe com a sinuosidade dos montes. A diversidade de informações na paisagem existente também foi um dos condicionantes para o estudo da materialidade: buscar as distintas formas e variações de aplicação dos mesmos materiais na sua forma natural (e manuseada). O uso da pedra miracema foi uma homenagem às residências modernistas da cidade de Santa Maria. Geralmente, estas pedras eram encontradas na base destas casas que, até hoje, são exemplos consistentes de uma época de importante produção arquitetônica
O desenho e dimensão das aberturas, as venezianas e a posição dos espaços intermediários também tiveram o propósito de bem condicionar o conforto térmico e a iluminação natural. As visuais para os morros foram fundamentais para a composição de janelas cênicas para os espaços de repouso. O projeto paisagístico respeitou as preexistências naturais e intervindas durante uma época em que estas chácaras abrigavam produções de subsistência. A barreira de pinheiros à leste também foram reconhecidos como forma de garantir maior privacidade das áreas externas e como recurso para o sombreamento desta face da residência.