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Arquitetos: Filipa Guimarães
- Área: 162 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:João Morgado
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Fabricantes: BRUMA, JFN, Primus Vitória, Robbilac, Sanindusa
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Objecto A casa de férias “Cap Camarat” insere-se num conjunto habitacional datado de 1965 com a designação “Village du Merlier” destinado a habitações de férias. Projectado pelo grupo de arquitectos do atelier “Montrouge”, fundado em 1958 por Jean Renaudie, Pierre Riboulet, Gérard Thurnauer e Jean-Louis Vèret. Localizado numa encosta perto de “Cap Camarat”, a sul de Saint-Tropez, a “Village du Merlier” encontra-se inserida nos primeiros exemplos de construção em banda e loteamentos desenvolvidos ao longo da costa, propondo um tipo de habitação, aliando a tradição à modernidade. O conjunto é composto por trinta e cinco casas de dois pisos, implantadas no terreno acidentado junto ao mar e acessíveis por um jogo de ruelas, pracetas e escadarias (apenas para o peão) à imagem das antigas cidades provençais.
A volumetria, os materiais utilizados e os detalhes construtivos identificam a linguagem defendida pelo movimento moderno. Passados cerca de cinquenta anos desde a sua construção, o conjunto habitacional encontra-se hoje, descaracterizado devido às constantes alterações que sofreu ao longo dos anos, realizadas de uma forma anárquica e desarticulada suprindo as necessidades de cada indivíduo em busca do conforto de um novo estilo de vida, desrespeitando a préexistência. A Proposta: A casa nº 4 não era excepção. Encontrava-se alterada de tal forma, que no seu interior era difícil encontrar os elementos caracterizadores do movimento moderno.
Uma parte da caixilharia de madeira substituída por alumínio (de várias cores), alguns vãos transformados em arcadas, cerâmicos de revestimentos de diversas formas e feitios… apenas a organização interior se mantinha praticamente fiel à original. O principal desafio neste projecto foi de valorizar o desenho e linguagem original, atribuindo-lhes novas valências impostas pelo novo proprietário. A habitação tem no total 162,00m² (área bruta) divididos em dois pisos. No piso superior, a área social e dois quartos; no piso inferior mais dois quartos. No total três instalações sanitárias, uma de serviço e as outras duas que serviam quatro quartos.
A grande imposição do novo proprietário era transformar todos os quartos em suites. Os elementos chave foram os pátios. Os dois pátios exteriores (superior e inferior) passam a ter a mesma função, de estar mas ao mesmo tempo de transição entre zona social e zona privada. Ou seja, da mesma forma que se atravessa o pátio exterior para aceder à suite principal, no piso superior, também no piso inferior se atribui esta função de atravessamento/transição entre o social e o privado passando pelo exterior. Desta forma conseguiu-se dividir o piso inferior em três suites e uma zona de tratamento de roupa, eliminando um corredor interior e transformando esta área perdida de circulação em área habitável. No que diz respeito aos materiais de revestimento, esses foram pensados e escolhidos tendo sempre em conta a imagem original do projecto, desprovido de luxo, mas com um apurado sentido de estética.