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Arquitetos: Ana Torres, gon architects
- Área: 124 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Imagen Subliminal
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Fabricantes: Adobe, Arkoslight, Artemide, AutoDesk, FERRÉS ceramics, Flos, Fritz Hansen, HAY, McNeel, Mobles 114, Santa & Cole, Softline, Viccarbe, VitrA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Tradicionalmente, a maioria dos edifícios residenciais da cidade de Madri foram construídos através de um sistema de paredes auto-portantes paralelas à fachada. A partir daí, uma série de divisões secundárias dão forma à uma variedade de diferentes espaços que definem a organização das unidades em planta, que por sua vez, geralmente encontram-se dispostas ao redor de um pátio interior. Finalmente, um corredor de acesso separa as unidades interiores das exteriores. Esta é uma situação recorrente na capital espanhola, e foi o ponto de partida para o projeto de reforma deste apartamento para uma pessoa solteira, localizado no terceiro pavimento de um edifício residencial no nobre bairro de Malasaña.
A principal característica física deste apartamento é a sua planta longitudinal: de um extremo ao outro é possível contar vinte e um metros lineares, dando uma pista muito clara do tipo de intervenção que pretendíamos realizar. Procuramos exacerbar esta condição, por assim dizer, natural da estrutura do apartamento. Eliminamos todas as divisões secundárias dos espaços da casa, convertendo o apartamento em um espaço vazio, um ambiente único e integrado, definido pelas paredes auto-portantes que configuram o alicerce do edifício. Para colocar em outras palavras, embora a antiga organização do espaço tenha sido mantida, procuramos ampliar a continuidade do espaço integrando suas partes e promovendo a conexão entre as seus elementos. Consequentemente, novas relações topológicas e programáticas foram sendo criadas, dando formas a um espaço doméstico livre e fluído, líquido até certo ponto, onde procuramos explorar um novo conceito espacial vinculando a configuração formal dos ambientes às ações práticas que se supõe que estes espaços abriguem. Os cantos e recessos do apartamento, antes espaços subutilizados, foram ressignificados como parte da área habitável, assumindo novos usos e uma nova identidade visual – como uma nova frente – que de forma simbólica, se transformam em lugares acolhedores para uma nova forma de vida doméstica.
Estes micro-espaços se transformam em uma espécie de cenário para a vida moderna, pequenos refúgios e pontos focais, que além de ampliar a sensação espacial, funcionam como elementos de conexão entre esta intrincada rede de espaços criada pela estrutura física do edifício. De forma mais poética, estes elementos de luz e cor também permitem construir uma narrativa espacial que articula todos os percursos transversais e longitudinais, públicos e privados, suscetíveis de uma constante ressignificação de sua função de acordo com as necessidades de seu solitário hóspede.