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Arquitetos: Natura Futura Arquitectura
- Área: 650 m²
- Ano: 2020
Descrição enviada pela equipe de projeto. Arquitetura como diversificadora de centros urbanos. (Residência Urbana Produtiva + Espaço de Educação). Na América Latina o crescente e incentivado processo de urbanização dos últimos anos produziu inúmeras mudanças, das quais a mais prejudicial é a perda de vitalidade das áreas centrais tradicionais.
Babahoyo, Los Rios, na zona costeira do Equador, com 1500000 habitantes, vem se desenvolvendo comercialmente de forma desconexa do habitar residencial, e seu caráter de alienação é incrementado com o conhecido "boom imobiliário", o que fez com que várias pessoas buscassem um lugar para viver nas periferias, contornando os efeitos do deslocamento e abandono. Esta busca desesperada de um novo lugar para viver, nos leva a refletir sobre novas formas de diversificar a cidade.
A Casa que Habita, busca, em primeiro lugar, motivar a conservação do espaço original de encontro, o intercâmbio e a articulação social, que é vital para toda cidade. Albita e Juan, casal jovem, necessitavam de um novo lugar para viver, e se propôs como resposta a possibilidade de ocupar um terreno dentro do centro urbano, estabelecendo como objetivo ter um rendimento econômico dentro do lote e a possibilidade de abrigar uma escola de apoio acadêmico, desta forma foi gerado um programa que permite o diálogo entre habitar, educar e produzir.
O projeto se configura dentro de um lote de 12 x 30 metros, onde em geral se construiria uma casa geminada às vizinhas, por falta de políticas públicas de construção em centros urbanos. Isso é repensado, implantando o bloco de atividades da residência e educativas entre varandas laterais, conseguindo, assim, iluminação e ventilação naturais adequadas em cada espaço. Tal estratégia, que se vê apoiada por paredes internas que não chegam até o teto construído de madeira, cimento e zinco, é complementada por uma claraboia central.
A proposta foi pensada a partir de uma forma básica abstrata do que entendemos por uma casa de telhado inclinado que, além de isolar termicamente e aproveitar as águas da chuva por sua configuração, nos permite organizar o espaço de forma mais eficiente. A frente se abre e se conecta à cidade de duas formas: frontal, por meio de janelas tradicionais de trama de madeira, e lateral, por meio de vãos até a calçada, gerando um vínculo com o pedestre.
Se estabelecem os negócios comerciais no térreo, para uma relação mais direta e prolongada com a atividade urbana, enquanto, no pavimento superior, ainda que divididos por um eixo central, se aposta na residência e nos espaços educativos.
Em relação à materialidade, tradicionalmente se interpretou o tijolo, madeira e cerâmica como um recurso para construções de baixo estrato econômico; no entanto, o projeto valoriza esses elementos locais utilizando-os em 95% da construção.
La Casa que Habita é um manifesto que repensa a forma como se vive e se adensa os centros urbanos de uma forma mais sustentável, uma visão de amalgamar atividades que nos ajudem a diversifica-los, recuperando o local e suas tradições como ponto de partida para as novas gerações.