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Arquitetos: Emilio Tuñón Arquitectos
- Área: 5000 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Amores Pictures
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Fabricantes: BANDALUX
Uma estratégia, não uma forma
O projeto tenta escutar o lugar e imaginar uma cidade possível que, sem renunciar à nossa época, seja capaz de preservar o modo em que a cidade respira.
Trata-se, portanto, de encontrar o território comum entre o contemporâneo e aquilo que permite à cidade se reconhecer a si mesma; uma figura, ou melhor, uma estratégia, que contenha em si mesma as duas faces.
Uma estratégia considerada em termos de oportunidades. Um conjunto de regras ditadas pelas preexistências. Uma reinterpretação das mesmas que fazem do projeto, contentor e contido, um presente para a cidade.
Um limite que é ponto de encontro
O terreno conforma uma fronteira na cidade, tanto na história, às margens da idade média do casco antigo, como na geografia, elemento que se eleva e forma as quebras de um vale.
A proposta devolve ao local o caráter de território de trânsito e intercâmbio que foram as zonas "extra-muros", e o transforma em permeável. A partir da rua Pizarro, sob a fachada preexistente, e através do jardim posterior, se desenvolve um percurso público que é uma ligação a mais na cadeia de praças e ruas pelas quais se percorre o Cáceres antigo, e é o modo natural de vencer o desnível que leva à parte nova da cidade.
Assim como a arte, antes um privilégio de uma elite, se torna acessível, o edifício também se pretende um trompe l´oeil urbano, sem eliminar, mas retorcendo e diluindo o único limite que quase sempre permanece, o que é dos poucos e o que é de todos, articulando no vazio uma artéria pública que atravessa sem tocar a esfera do privado.
A presença do possível: aquilo que permanece e aquilo que muda
O projeto é fiel à essência do que existe e o conjunto que se propõe não difere muito do que o edifício é hoje: uma casa com um jardim.
Os traços fortes permanecem, a volumetria rotunda quase intacta, o reflexo distorcido da geometria ortogonal e pedregosa da "Casa Grande", mas o aparente hermetismo dissolve-se nos caminhos exteriores acessíveis. Uma "casa", também em relações às funções, que aloja o núcleo administrativo com que funcionará o centro, e uma "casa nova", para o lazer e o percurso agradável, no qual se localizam também as áreas de armazenamento e as instalações que alimentarão o edifício.