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Arquitetos: Estúdio Lava
- Área: 130 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Rafaela Netto
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Fabricantes: Acquapoint, Adobe Systems Incorporated, Amarante madeiras, AutoDesk, Brastemp, Deca, Disparcon, Divinal Vidros, Esquadriall, Fernando Jaeger, Ibiza Acabamentos, Jani King, Jomer Aramados, Manacá Marcenaria, Merc, Metalferco, Microsoft Office, Oficina de Mosaicos, REKA, Ralo Linear, +9
Descrição enviada pela equipe de projeto. A reforma de um apartamento em um edifício de grande importantância como o edifício Trussardi, projeto de 1943 do arquiteto Rino Levi, foi um grande exercício e também um grande desafio. Apesar de sua importância histórica e patrimonial, o edifício, localizado na Av. São João, se encontra hoje bastante descaracterizado. O primeiro objetivo do projeto foi retomar alguns elementos do projeto original do apartamento, em uma tentativa de respeitar as intenções do arquiteto e trazer à superfície alguns detalhes importantes que haviam sido alterados pelas inúmeras reformas realizadas ao longo dos anos.
Além de serem retomadas algumas características da planta original, como a integração entre a sala e um dos quartos e a abertura da varanda (que havia sido envidraçada pelo último morador), alguns materiais, como os blocos de vidro da fachada, o piso em granilite, o piso em pastilhas e o taco, foram recuperados. Quase todas as paredes foram demolidas e alguns trechos da estrutura em concreto armado foram revelados.
O apartamento com suas curvas e ângulos não ortogonais, pedia uma maior integração dos ambientes. A incorporação de um dos quartos pela sala, reconectando esse ambiente à varanda curva que marca a fachada do edifício, foi o primeiro gesto em direção à essa intenção. A estante de livros deslizante, que corre através de um trilho metálico fixado à viga, cria diferentes possibilidade de integração e uso desse espaço. Se levada para junto da cozinha, cria um único grande ambiente e, se colocada próxima da varanda, separa a sala do escritório servindo de anteparo e apoio para a televisão.
O resultado imediato da integração entre os cômodos foi uma maior ventilação cruzada, deixando o espaço muito mais fresco, além de trazer mais iluminação para o apartamento como um todo. Buscando essa maior permeabilidade e criando um paralelo visual com os tijolos de vidro da fachada, foram utilizados elementos vazados em concreto entre a lavanderia e o hall de entrada.
A cozinha, também integrada à sala, foi totalmente reformulada, criando-se um eixo importante que conecta o fundo do apartamento à sala em direção à varanda e ao jardim de inverno com seus tijolos de vidro. Onde antes se encontrava a área de serviço foi criado um segundo banheiro para atender ao quarto de hóspedes e o banheiro existente foi aberto para o quarto principal ganhando vista para a janela e para as palmeiras em frente ao prédio.
Em um segundo eixo, formando um “V” com o eixo da cozinha, se encontram os quartos, que ganharam um painel ripado em madeira, referência aos antigos painéis muito presentes nos projetos de arquitetura dessa época e usado também no saguão de entrada do edifício. Apesar do desafio trazido pelas linhas não ortogonais do projeto e pela sua organização em dois eixos, a solução obtida foi resultado direto dessa configuração. As curvas e diagonais dão identidade ao projeto e permitem diferentes apropriações por parte dos moradores, e a circulação generosa permite uma ocupação livre e desierarquizada do espaço.