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Arquitetos: Horizontal Design
- Área: 1064 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Schran Images
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Fabricantes: Louis Poulsen
Descrição enviada pela equipe de projeto. O pequeno vilarejo de Zhang Yan faz parte da município de Chonggu, na região metropolitana de Xangai, China. Ao longo das últimas décadas, o perfil demográfico da região se transformou drasticamente, principalmente devido ao êxodo da população mais jovem para as grandes cidades, o que teve um impacto negativo e também decisivo no declínio da vila de Zhang Yan. Ainda é possível ver algumas pequenas casas de pedra construídas no século XVII durante a Dinastia Qing, e algumas poucas estruturas mais modernas, de dois ou três pavimentos construídas já no contexto da atual República Popular da China. Tendo em vista a atual situação precária das pequenas cidades do país, o governo chinês recentemente lançou uma série de incentivos para o re-desenvolvimento das áreas suburbanas da China. Zhang Yan, como tantos outros pequenos vilarejos do país, foi um dos beneficiados pelas novas políticas de incentivo e já está mostrando sinais de recuperação.
“Preservação, Crescimento e Expansão” é o lema da política de incentivo ao desenvolvimento urbano das pequenas cidades na China. A estratégia não pretende apenas recuperar ou reconstruir antigas estruturas abandonadas e decadentes, muito pelo contrário, a intenção do governo chinês é mesclar políticas de preservação e de desenvolvimento urbano. Isso significa estar ciente do contexto histórico e do valor cultural, mas incentivar sobretudo, projetos modernos que sejam capazes de alavancar o progresso destas pequenas comunidades, resgatando a estrutura urbana histórica e criando um franco diálogo entre o passado, o presente e o futuro.
Preservação
Como principal estratégia de intervenção, edifícios históricos estão sendo cuidadosamente preservados, incorporando parte da história e da cultura de cada vilarejo. Um enorme esforço está sendo feito para que estas estruturas sejam mantidas e adaptadas para receber novos usos e programas que possibilitem novas oportunidades de desenvolvimento econômico da região.
Crescimento
Para aquelas estruturas em piores condições, em estado de ruína ou completo abandono, a estratégia é a estabilização e proteção de seus elementos remanescentes, e a construção de novas estruturas complementares. Neste contexto impregnado de histórias precedentes, o “novo” e o “velho” coexistem em perfeita harmonia.
Expansão
A nova arquitetura representa um novo tempo, e mais especificamente, novas funções. O projeto do Museu Cultural de Zhang Yan incorpora vários edifícios contemporâneos, os quais foram cuidadosamente inseridos nas partes vacantes do terreno.
A implantação do novo Museu de Zhang Yan segue a antiga genealogia das estruturas históricas do vilarejo. Ele abriga o Salão da História de Zhang Yan (que remete à Dinastia Qing), a Casa da Família Zhang (as ruínas ou o que sobrou dela), e um pátio aberto e acessível à todos os moradores e turistas que visitam o vilarejo. Contíguas ao edifício do museu, as estruturas vizinhas são construções de dois ou três pavimentos, na maioria construídas ao longo dos anos 80, assim como o principal edifício religioso de adoração à divindade local.
Devido ao péssimo estado da estrutura da antiga casa da Família Zhang, somente as paredes exteriores puderam ser mantidas. No interior deste espaço vazio, foi construído um novíssimo espaço expositivo, que apesar de “contemporâneo”, adota a mesma tipologia tradicional com um átrio central e cobertura inclinada em direção ao pátio interior. O novo espaço expositivo também mantém um afastamento de trinta centímetros em relação à estrutura histórica preservada. Interiormente, a estrutura interna de madeira foi refeita, e as paredes divisórias foram removidas para ampliar o espaço do átrio preservado. Uma segunda sala de exposições menor foi concebida para receber uma programação voltada ao tema “Tradição”. O antigo piso foi completamente substituído por placas de alumínio anodizado resistentes à umidade, as quais foram utilizadas em ambas salas expositivas, marcando a continuidade espacial entre as áreas programáticas do museu. O revestimento em alumínio serve também para melhor refletir a luz natural, proporcionando uma iluminação difusa e etérea. Os pilares, as paredes e o forro de madeira desta segunda sala foram todos restaurados ao seu estado original. Durante a pesquisa sobre a história deste lugar, descobrimos que antigamente havia mais um edifício construído no lado norte do terreno. Portanto, decidimos implantar o nosso pavilhão do “Futuro” exatamente neste lugar, o qual foi construído a partir das informações que pudemos levantar sobre a antiga estrutura. O uso do alumínio anodizado também foi priorizado neste edifício, tanto no piso quanto no forro, cuja uniformidade proporciona uma sensação de modernidade, em contraste com a estrutura história dos espaços anteriores.
A área exterior em frente ao salão do futuro foi mantida como espaço aberto, preservando uma antiga árvore existente no local e um pequeno bambual, além disso, foi criado um espelho d'água e uma área de lazer e espaço de encontro onde os visitantes podem descansar à sombra da árvore anciã.