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Arquitetos: Atelier Danier Corsi
- Área: 107 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Guilherme Pucci
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Fabricantes: Andra, Divanni, Fernanda Yamamoto, Instant Shop, Lemca, MJR Vidros, Nao Yuasa, Omega Fence Systems, Palace, Portwer
Descrição enviada pela equipe de projeto. Arquitetura e Moda são campos de expressão que podem compartilhar muitos princípios relacionados aos valores éticos e estéticos da cultura humana. Como uma síntese sutil, o que se buscou nessa reformulação da loja da estilista Fernanda Yamamoto, localizada em São Paulo, foi o diálogo entre estruturas que podem manifestar tanto aquilo que é efêmero como o que é perene. A partir dos novos volumes dos provadores, espaço de vital importância para ambientação de quem a visita, a dimensão estática da arquitetura é transformada constantemente pela possibilidade de troca dos tecidos das cortinas que identificam cada coleção da estilista. Paralelo a isso, esses mesmos tecidos são envoltos por uma ‘pele’ diáfana – o vidro – que, com suas reflexões e transparências, faz com assumam aspectos distintos, somados à uma nova iluminação igualmente expressiva. Construída em 2009, a estilista viu a necessidade de transformar e adequar os espaços da loja à uma nova atmosfera.
Assim, o projeto de reestruturação se deu a partir de critérios que valorizassem os aspectos cênicos dos ambientes e de mostra de sua produção. Uma primeira ação se deu na elaboração de um layout mais concentrado de mostruários (araras, vitrines e mostradores). Alinhando-os às paredes laterais, permitiu-se uma ênfase maior nas peças expostas, bem como a ampliação do espaço central da loja que com frequência acaba sendo palco de encontros e workshops. Como segunda importante modificação, toda a luminotécnica passou por uma reestruturação, visando uma discrição total das fontes de luz e também a configuração das qualidades cênicas apontadas anteriormente, valorizando as áreas de exibição das roupas. Por fim, como espaços-objetos que originassem um ponto de convergência no ambiente da loja, a área de provadores foi totalmente ampliada e reestruturada. Entendendo-os como os lugares mais importantes de contato das clientes com as roupas, pensou-se internamente em um espaço envolto por uma iluminação expressiva e por superfícies têxteis que se configurassem como pano de fundo para as imagens projetadas nos grandes espelhos. A iluminação (sempre indireta) e o forro ‘nuvem’ (responsável pela reflexão da luz e absorção acústica) encerram essa espacialização cênica.
Externamente, esses dois novos volumes de geometria lapidada e apenas insinuada pelas arestas dos planos de vidro, apresentam-se como grandes caixas de luz em meio a um espaço iluminado estrategicamente de modo difuso. Estruturados na sua parte superior por vigas metálicas e pequenos perfis na parte inferior para ancoragem dos vidros, sua presença muda significativamente à medida que suas partes são manipuladas de modo flexível. Vidros, iluminação e diferentes camadas de tecidos vão dando a esses objetos arquitetônicos faces variáveis. Isso é ainda potencializado com a possibilidade de troca desses mesmos tecidos, tornando-os elementos de expectativa e surpresa na medida que são encontrados de modo distinto em cada visita. Para além dos sentidos da visão e da audição – que sempre prevalecem, encerram essa experiência os delicados puxadores feitos em metal, fazendo do tato parte fundamental da percepção dos sentidos que a moda também compartilha na sua manipulação dos tecidos.