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Arquitetos: WARchitect
- Área: 570 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Rungkit Charoenwat
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Fabricantes: A.P.K., COTTO, MN Metal, Stonestylist, TOA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nosso cliente, músico, fundador e diretor da Sleepless Society & Chandelier music, apaixonou-se à primeira vista por este terreno em Bangkok, capital da Tailândia. Apesar de estar localizada na maior cidade do país, a sua situação às margens de um lago o fez lembrar de seu maior sonho: viver em um lugar tranquilo e próximo da natureza. O projeto da Residência Sleepless fica em algum lugar entre a quietude da superfície da água e o etéreo céu de Bangkok.
O projeto da casa foi resolvido em dois volumes opostos e um pátio interior responsável por conectar os espaços da casa, permitindo ainda uma melhor iluminação e ventilação do edifício como um todo além de proporcionar impressionantes vistas para o lago. A característica envolvente dos espaços da casa faz com que o músico se sinta mais relaxado e inspirado, criando o ambiente ideal para que ele possa compor as suas melodias tranquilamente. Ao compartilhar seu sonho de casa conosco, a imagem deste edifício pareceu brotar instantaneamente em nossa frente, um objeto de arquitetura no qual o que mais importa não é a sua forma em si, mas os espaços e a atmosfera que ele é capaz de construir.
O nosso principal foco, desde o início, foi como priorizar e otimizar as vistas para o lago. Para isso, optamos por dividir o programa da casa em dois volumes, implantando um pátio em forma de anfiteatro em seu centro, o que amplia os eixos visuais a partir dos dois blocos opostos da casa. Os volumes foram então escalonados no terreno, principalmente para não obstruir as vistas a partir do edifício principal, assim como para amplificar a característica cênica e teatral de seus espaços exteriores.
Além desta operação formal, a transparência dos volumes permite que, ainda se estivermos no primeiro edifício, é possível ver o lago do outro lado da casa, através da arquitetura. Do outro lado, se estivermos no segundo volume, na sala de estar de frente para o lago, podemos observar através do pátio os terraços verdes que se sobrepõe sobre a estrutura escalonada do edifício, os quais ocultam o espaço da garagem que optamos conscientemente por dissimular atrás da vegetação. Em um outro momento, a partir do ponto mais alto da casa, onde encontra-se o escritório do cliente, o jardim do anfiteatro parece um oásis em meio à arquitetura, esparramando seus espaços em direção ao lago.
Apesar de toda esta transparência e fluidez, os moradores podem ficar tranquilos quanto a sua privacidade, isso porque, a fachada principal da casa foi construída em com tijolos refratários compondo uma malha aberta que permite filtrar a luz, obstruir as vistas a partir da rua mas sem impedir a ventilação natural e constante dos espaços interiores da casa. Os materiais de acabamento foram escolhidos para combinar com o projeto de interiores da antiga casa do proprietário, uma vez que a maior parte dos elementos foram transportados e instalados novamente neste novo edifício.
A atmosfera do espaço procura refletir o caráter do nosso cliente, uma pessoa simples e tranquila. Por outro lado, optamos por incorporar alguns componentes mais elaborados para dar um tom de requinte e sofisticação aos espaços da casa, como a fachada de tijolos. Ainda que seja um material bastante simples e até vulgar, ao dispô-los em um arranjo tipo “espinha de peixe” compondo uma malha aberta, procuramos revelar toda a potencialidade do aspecto tridimensional do tijolo, criando uma superfície leve e dinâmica, um elemento de mediação entre o âmbito público e privado.
Como o quarto principal ocupa este primeiro volume frente à rua, a fachada de tijolos serve para manter a privacidade no espaço interior, permitindo na medida do possível, iluminar e ventilar naturalmente a casa, permitindo que os primeiros raios de sol da manhã possam penetrar profundamente no edifício sem no entanto, admitir calor em demasia durante as horas mais quentes do dia. Optamos por utilizar um tijolo não tão comum, de proporções 1:6 ou seja, 5 cm de largura e 30 cm de comprimento. Ao contrário do corriqueiro 1:2 ou 7,5 cm por 15 cm, este tijolo de proporções pouco usuais nos atraiu desde o primeiro momento porque a intenção nunca foi utilizá-los de forma habitual. Devido as suas proporções, optamos por assentá-los com um ângulo de 45 graus entre eles, criando então espaçamentos irregulares para corrigir esta defasagem, algo que seria impossível de se fazer utilizando os tijolos de relação 1:2.
Além de sua função primordial de proteção solar, esta malha de tijolos garante uma plena e contínua ventilação natural dos espaços interiores da casa, o que também permite manter uma baixa temperatura na superfície da fachada dupla de vidro do edifício. Como ponto alto da casa, a fachada permite ainda que a casa se destaque do seu entorno, despertando a curiosidade das pessoas que por ali passam.