Descrição enviada pela equipe de projeto. Inaugurado no dia 22 de maio de 2011 pelo então presidente de Taiwan e antigo Presidente da República da China, Ma Ying-jeou, o Forest Pavilion foi construído em razão da celebração do Festival de Arte Masadi, concebido como parte de um ambicioso plano de Ying-jeou, quem idealizava um futuro mais sustentável para o seu país.
Projetado pelo nARCHITECTS, o Forest Pavilion opera como um espaço de encontro a céu aberto, proporcionando um palco para a realização de atividades culturais ao ar livre com vistas para a floresta do Parque Ecológico da província de Hualien. Concebido no contexto do tradicional Festival de Arte Masadi, naquela oportunidade com curadoria de Huichen Wu (Artfield), o principal objetivo deste projeto era chamar a atenção do público para a necessidade de se preservar as florestas do país, ameaçadas pelo pujante desenvolvimento econômico e urbano da região. O pavilhão foi construído a partir de uma técnica que utiliza bambu em parceira com membros da comunidade nativa da região, e é composto por onze abóbadas dispostas ao redor de um pátio central. O bambu já havia sido utilizado como sistema construtivo pela equipe da nARCHITECTS no seu aclamado projeto “Canopy” para o MoMA P.S.1 em 2004.
Configurando um novo espaço focal no interior do parque, as abóbadas de bambu foram dispostas em dois anéis paralelos que definem um espaço panóptico. Para o desenho em planta, os arquitetos buscaram inspiração nos anéis de crescimento das árvores da floresta, enquanto que para as formas das abóbadas, eles procuraram refletir os dinâmicos padrões de crescimento destas estruturas orgânicas. Apropriando-se da infinita variedade de formas que uma única espécie de árvore pode gerar a partir de regras de ramificação muito simples, a configuração das formas das abóbadas utiliza uma única geometria, o arco parabólico, que da mesma forma pode ser utilizado para criar infinitas configurações diferentes.
A ideia central para o pavilhão era que ele fosse utilizado para a realização de pequenos eventos performáticos ao ar livre. Por isso, a missão do nARCHITECTS era projetar uma instalação que pudesse se transformar em um novo elemento de referência em meio ao parque, sem no entanto, causar um impacto negativo na paisagem natural, proporcionando espaços à sombra para que os visitantes pudessem desfrutar da programação cultural do evento confortavelmente. A relação criada entre a estrutura do pavilhão e a floresta adjacente é bastante leve e complementar em certa medida - o pavilhão praticamente desaparece na paisagem devido a sua estrutura vazada e transparente, durante a noite, por outro lado, ele se transforma em um farol iluminado, destacando o espaço vazio do parque em meio à floresta.
Tradicionalmente ocupada pela tribo aborígene Amis, a região de Hualien foi posteriormente devastada para o cultivo de cana-de-açúcar sob domínio japonês, eventualmente passando as mãos do governo taiwanês. A equipe que concebeu o projeto do Parque Ecológico foi duramente criticada por excluir os moradores locais, e sobretudo a tribo dos Amis do processo de planejamento e desenvolvimento do parque. Ainda que com a criação do parque ecológico as autoridades tenham definido uma abrangente área de proteção permanente da floresta, a criação desta estrutura ambiental também contemplava, de modo contraditório, a instalação de um enorme cassino nas redondezas. Em busca de democratizar o debate sobre o futuro da região, o Forest Pavilion foi criado para se transformar em uma nova 'porta de entrada' para o Parque, um portal para a floresta e um espaço de encontro para a população local – expressando toda a diversidade de seu contexto e buscando aproximar e engajar a comunidade local para enfrentar os desafios do futuro.
A fabricação da estrutura de bambu foi desenvolvida em conjunto com membros da tribo local, isso porque os Amis são conhecidos como os mestres da construção em bambu. A proposta do pavilhão introduziu um sistema construtivo até então pouco utilizado e conhecido na região, o qual utiliza bambu verde recém cortado, principalmente devido a sua maleabilidade antes de secar e assumir a sua forma mais perene. A ideia já havia sido utilizada pela equipe do nARCHITECTS em 2004, na ocasião do seu famoso projeto do MoMA/P.S.1. Através de uma frutífera troca de conhecimentos e idéias sobre a construção em bambu, os Amis participaram ativamente na construção do pavilhão, o qual vieram a chamar de “Y lu duqai a luma,” que em Amis significa “casa na montanha.” Desde então, os Amis passaram a incorporar a técnica de construção com bambu verde em suas próprios estruturas domesticas, construídas em meio ao parque ecológico onde a comunidade nativa habita.
O pavilhão foi utilizado durante as cerimônias de abertura e encerramento do festival de arte daquele ano, acolhendo apresentações de dança e música além do discurso do então Presidente Ma Ying-jeou. Durante o fechamento do festival, foi realizada uma mesa redonda com membros da comunidade local, o qual começou ao anoitecer e culminou com um show de luzes. Durante a cerimônia de encerramento diversos artistas locais deixaram a sua contribuição, convidando o público a participar e cantar a uma só voz.
