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Arquitetos: Atelier do Corvo
- Área: 925 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Maria Bicker, Luís Ávila
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Fabricantes: Arbolusitania, AutoDesk
Descrição enviada pela equipe de projeto. O convento de Santa Clara-a-Nova é um enorme e notável edifício de arquitectura maneirista, com uma cerca de 7 ha. Para a edição de 2019, sob o lema “a terceira Margem” propusemos a edificação de três recintos, construções informais, Hortus conclusus de características muito diversas, lugares dentro de lugares, zonas de descanso e espaços de mediação e ligação entre o programa de artes plásticas e de arquitectura que funcionam também como estratégias de activação da grande cerca do Convento de Santa Clara-a-Nova. Designámo-los por Hortus conclusus #1 - Claustro, Hortus conclusus #2 - Floresta e Hortus conclusus #3 – Terreiro. São construções sem projecto, no seu sentido antecipatório, e o projecto é simultâneo da obra.
Hortus conclusus #1 - Claustro. Um grande conjunto de árvores cortadas pelos militares descaracterizava o pátio central do convento. Hortus conclusus #1 é o resultado do empilhamento disciplinado dessa madeira, executado por colaboradores do atelier e voluntários da bienal procurando dominar o equilíbrio, a estabilidade, a gravidade e o peso do material, o que resultou num workshop informal. Recintou-se um território, criando um lugar dentro do lugar, uma improvável terceira margem. A vegetação autóctone manteve-se no centro do lugar. Um conjunto de ciprestes plantados opõe-se à horizontalidade dominante e garante a presença da cor verde sobre o castanho outonal das espécies existentes. Foi nesta 3a edição um local de pausa, de encontro e de disseminação de ideias, um Disseminário, lugar que desde a 1a edição tem existido no Anozero. Na sua modéstia, tem a mesma natureza do convento, construído também com as pedras das pedreiras da sua cerca.
Hortus conclusus #2 - Floresta. Hortus conclusus #2 é o resultado da remoção parcial dos elementos espúrios da cobertura da antiga Sala de praças, transformando-a num claustro, no qual plantámos árvores, trazendo para dentro o que está fora. A este gesto adicionámos a colocação de um conjunto de tábuas de descanso, chaise longue improváveis que recriámos directamente dos estaleiros das obras que diariamente visitamos, dispositivos auto-construidos pelos operários assemblando um tabique e um tijolo. Na sua versão mais sofisticada este dispositivo poderá incorporar um pedaço de roofmate que forra o tabique e ainda um outro mais curto que serve simultaneamente de almofada ou de mesa. Redirecionámos também a lareira existente, demolindo o seu fundo, por forma a criar uma zona de pausa, na qual se foi queimando ao longo da bienal os elementos sobrantes que compõem o Hortus conclusus #1.
Hortus conclusus #3 —Terreiro (Sítio do Picapau Amarelo com bancos Saci). Esta elipse contemplativa é o lugar do encontro, da celebração, da festa, mas também da pausa. Daqui, pode olhar-se para a obra de arte que se expõe na fachada do edifício e para a cidade que se lhe opõe. A sua construção resulta da sobreposição modular de tabiques usados de cofragem que dependem estruturalmente umas das outras – um banco de uma perna que se apoia no seguinte - desenhando o espaço de dentro e o espaço de fora deste banco, improvável hortus conclusus sem fronteira física definida.