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Arquitetos: Azócar Catrón Arquitectos
- Área: 5 m²
- Ano: 2016
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Fotografías:Patricio Zeiss, Courtesy of Azócar Catrón
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Fabricantes: Arauco, AutoDesk, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. Duas torres e um caminho, assim, se buscou promover a apropriação e restauração do “Humedal Boca Maule” localizado na cidade de Coronel, região de Bío-Bío, sul do Chile, através da construção duas torres mirantes.
O projeto surge do diagnóstico transversal às grandes cidades do Chile, - a carência de espaços públicos, para além da falta de espaços livres, se traduz na falta de espaços configurados para esse fim. Espaços “vazios” como zonas úmidas, estuários, lagoas ou colinas, ficam presos na malha urbana ou em sua desvalorização, à mercê do mercado ou perto de áreas vulneráveis.
Apesar disto, esses lugares de alto valor natural e paisagístico, em contextos urbanos são espaços públicos potenciais, capazes de melhoras a qualidade de vida dos habitantes quem convivem com eles. Em muitos casos, são as associações de vizinhos que têm a possibilidade de acesso a fundos públicos para benefício do ambiente e seu entorno.
Precisamente é aqui que a arquitetura é capaz de articular estas duas condições com intervenções concretas, combinando não apenas os beneficiados, mas também os atores sociais necessários para a materialização de suas propostas.
Coronel é uma antiga cidade mineira, denominada, hoje, como uma zona de sacrifício em razão dos altos índices de contaminação. Contudo, o “humedal” é um oásis urbano em constante recuperação.
Propomos duas torres mirantes, que se encontram nos extremos opostos de uma área de recuperação ecológica, como os marcos que a delimitam. Ambas as torres são volumes monolíticos e permeáveis de madeira empilhada, idênticas em sua forma, mas possuindo conteúdos distintos em relação a paisagem que encaram. A torre que se encontra no ponto mais alto da trilha contém uma escada helicoidal quadrada que revela a paisagem do “humedal”, oculto ao longo do passeio. Enquanto, pelo outro lado, a torre localizada na cota mais baixa do caminho, em um terreno plano, é um pequeno refúgio para a contemplação e o descanso, contendo um banco. Ali, um vão emoldura a paisagem próxima, e uma grande abertura no topo, o céu.
Ambas as torres são construídas como três cubos de madeira empilhados, constituídos pela repetição sistemática de um único detalhe da construção, onde, devido à sua proporção, a escala das torres é distorcida entre o monumental e o frágil, em um aceno direto aos artefatos abandonados do antigo setor de mineração próximo ao local.
A partir da arquitetura, as duas torres, indicam a comprovação da tese de que uma série de referências no espaço são capazes, como único investimento, de transformar lugares, como os comentados acima, em espaços públicos consolidados.