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Arquitetos: Atelier Daniel Corsi, Dani Hirano
- Área: 386 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Nelson Kon
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Fabricantes: Assoalho São Miguel, Atlas Concorde, Clami, Concrefit, Deca, Divanni Decor, Estúdio Bola, Fernando Jaeger, Franke, Ideal Esquadrias, Impertop, Lesco, Metalferco, Pedra cor, Portobello, Suvinil, Tekhouse, WGR Iluminação
Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma casa deve guardar um mundo próprio. Por meio de seus espaços e caminhos descortinar paisagens nas suas contemplações, mistérios nas suas intimidades, silêncios em seus vazios. Uma casa deve construir lugares. Buscamos aqui um conjunto de experiências perceptivas e singulares do habitar, uma diversidade de espaços que nos levassem da contemplação coletiva à introspecção e que seus habitantes pudessem desfrutar da bela geografia ao redor, intensificando as relações entre si e o lugar que os envolve.
Situada num terreno privilegiado pela esquina essa casa faz uso de suas duas frentes para se organizar e revelar. Sua síntese compositiva tem dois momentos: um volume monolítico ancorado à terra e um conjunto de planos perpendiculares levemente suspensos. O primeiro irrompe da topografia, o segundo paira sobre ela.
Como se esculpido de dentro para fora, o volume principal possui vazios que vão desde o pátio de acesso – desenhado não como uma porta, mas como uma transição entre o mundo exterior e o interior – à uma sequência de espaços que acolhem grande parte do programa tradicional de uma casa. Outras subtrações se revelam gradualmente em seu interior associando-se à uma espécie de ‘ode à janela’ em que se transformam suas fachadas: inúmeras aberturas de diferentes tamanhos, camadas e funcionamentos enquadram a paisagem ao redor trazendo-a para dentro e criando quadros vivos a todo instante em que se circula em seu interior.
O segundo momento da construção se define por dois grandes planos, um horizontal e outro vertical. Nele se estende o estar central, ainda interior, mas que se abre plenamente para o conjunto de espaços exteriores. Uma sucessão de pátios e jardins organizam diferentes relações com a paisagem e dimensões de convívio que configuram: do pátio frontal que mira para as montanhas, ao pátio interno que se desenha como uma praça, vemos a vida em família poder acontecer. Ensolaradas ou sombreadas, secas ou verdes, com diferentes tipos de vegetação e água, essas praças, assim como o terraço elevado na cobertura da sala central, acumulam as possibilidades de convívio de uma casa.
Sua materialidade se define por um sistema estrutural de concreto armado e uma série de dispositivos leves em aço e madeira ecológica que recobrem as fachadas do volume principal conferindo-lhe uma proteção térmica substancial como sistema de fachada dupla ventilada. Esses recursos possibilitam as várias venezianas e aberturas que flexibilizam o controle da privacidade, ventilação natural, luminosidade e visuais. No exterior, dois grandes painéis metálicos basculantes apresentam a mesma versatilidade podendo manter-se na vertical (definindo o plano de divisa) ou na horizontal (gerando zonas de sombra para os pátios internos como grandes guarda-sóis controlados de modo manual e leve por meio de seus contrapesos).
Por fim, a luz natural se revela como um elemento onipresente. A natureza maciça da construção vai revelando aberturas para os horizontes, céu e chão, paisagens sempre enquadradas por pátios e janelas que a todo momento despertam os sentidos de seus habitantes para a sua posição, guardados por essa arca que repousa ancorada em diálogo com seu lugar.