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Arquitetos: Floret
- Área: 1113 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:João Morgado
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Fabricantes: Rothoblaas, AutoDesk, Berker, Bosch, CIN, Caixibel, Cimpor, Cinca, DANOSA, DDL, Daikin, Diera, Duravit, Geberit, Gyptec, Jaga, Mapei, Robbialac, Sika, Trox, +1
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta reabilitação assume, sem qualquer pudor, o seu conservadorismo. Tratando-se de um legado de excepcional qualidade e extremamente bem conservado por se ter mantido em uso ininterrupto, sempre pela mesma família desde de meados do século XIX até ao início do século XXI, o desafio foi compatibilizar a preservação do existente com os novos usos e a introdução de infraestrutura. O plano de intervenção passou por reabilitar toda a estrutura existente, incluindo os vigamentos em madeira e as paredes autoportantes de alvenaria de granito, a clarabóia e preservar os estuques decorativos e carpintarias de época. Os alçados foram mantidos na sua integridade, tendo-se demolido as marquises em madeira do piso 1 e 2 que foram acrescentadas tardiamente.
O programa de base do projeto exigia a adaptação da habitação unifamiliar para alojamento local, loja e estabelecimento de restauração e bebidas, passando pela criação de 9 quartos para alojamento turístico, pela delimitação de uma zona de comércio, pelo desenho de um restaurante e pela organização dos espaços técnicos associados às diversas funções que compõem este edifício. No interior manteve-se a configuração original, salvando grande parte das paredes existentes. Desta forma a compartimentação foi respeitada e apenas foram introduzidas as alterações necessárias para adaptar o edifício à sua nova utilização.
Um outro aspecto muito relevante desta intervenção foi a recuperação do jardim do logradouro. Os interiores dos quarteirões da cidade do Porto, caracterizam-se por serem espaços verdes com uma grande diversidade de espécies vegetais, nomeadamente de espécies exóticas trazidas do Brasil, já para não falar das variedades de camélias às quais a cidade presta um discreto culto desde do século XIX.
Este processo envolveu uma metodologia complexa com a incorporação dos contributos de vários intervenientes orientados pelo fio condutor da arquitectura. Foi recolhida toda a informação e documentação disponível no arquivo histórico sobre o imóvel e, em simultâneo, realizaram-se os trabalhos de inspecção e diagnóstico da estrutura. A recolha desta informação permitiu aos projectistas moldar o programa ao potencial do próprio edifício. A fase de projecto integrou um especialista em história da arte e história local que elaborou um trabalho de pesquisa de grande profundidade que nos permitiu compreender as relações históricas do edifício com a envolvente, em como a história do próprio edifício, dos seus proprietários e as várias funções que este foi desempenhando ao longo dos tempos.