-
Arquitetos: Alexandre Loureiro Architecture Studio, Gabriela Pinto
- Área: 80 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:Alexander Bogorodskiy
-
Fabricantes: Adobe, AutoDesk, Cinca, Duravit, Knauf, Maxxon, Ofa, Onduline, Rothoblass, Weber
Descrição enviada pela equipe de projeto. A intervenção pretende reabiltar um apartamento que esteve devoluto durante décadas inserido num prédio de arrendamento desenhado pelo arquitecto portuense Fernando Lanhas. O edifício, geminado com 4 pisos, apresenta boa exposição solar com a mais valia de ter 3 frentes de luz. O interior do fogo considera uma organização do espaço clara e convencional à época da sua construção gerando, contudo, espaços muito pequenos e compartimentados. A zona social instala-se para a fachada tardoz mais calma e sossegada ao passo que a zona privada vira-se para a frente de rua bem mais movimentada.
Em todo o seu entorno longas varandas bordejam o edifício criando o motivo para a criação de diferentes cenários quotidianos tendo sempre como contexto o painel de fundo urbano. O projecto contemplou um exercício de depuração e reparcelamento das instâncias da casa ao mesmo tempo que se dotava o apartamento de conforto e comodidade exigível para o habitar dos nossos dias.
Num apartamento relativamente modesto dispôs-se uma estratégia de ataque selectivo de forma a cumprir as restrições orçamentais. O objectivo foi lograr aos espaços das áreas sociais derrubando as compartimentações existentes e, assim, abriu-se a sala de comer sobre a cozinha e sobre o escritório/quarto de costura num amplo openspace sobejamente iluminado pela luz de sul e que se expande sobre as varandas adjacentes. A relação com o exterior esbate-se com a introdução de uma grande janela segmentada que permite abrir na sua totalidade o vão da nova área de estar.
Na zona social, os elementos estruturais agora expostos e descarnados (pilar e viga) participam da composição dos espaço criando tensões e sugestões para a definição e organização das funções do habitar contemporâneo tal como seria intenção do próprio Fernando Lanhas. Um volume de ardósia adossado ao pilar que contrasta com o soalho de madeira, gera o motivo para a instalação de uma ilha de cozinha que pelo seu desenho permite, simultaneamente, resguardar o plano de trabalho do balcão e abrir-se sobre a área de estar.
Uma conjunto de painéis lacados a branco e pavimento de soalho de castanho orientam e conduzem até à instancia principal da casa — a sala em plano aberto — camuflando as relações funcionais como, por exemplo, casa de banho de serviço e quartos. Na zona privada da casa, como quartos e casa-de-banho, foram objecto de melhorias e adaptados às novas exigências do nosso quotidiano e habitar contemporâneo, contudo, mantendo o desenho de harmonia e depuração mínimal.
Este exercício de projecto visou a intervenção em património modernista da década de 50/60 do século XX que, na generalidade, urge recuperar e cuidar. É actualmente, um campo fértil de intervenção que carece de estudo e regulamentação para que, de igual forma ao património do centro histórico, hajam tácticas e estratégias de intervenção e preservação de um legado cultural impagável e que garantam a continuidade e permanência dos edifícios. É um exercício de contenção e depuração arquitectónica que se traduz numa ambivalência contrastante pela utilização de materiais e elementos clássicos da arquitectura porém com uma pormenorização bastante seca e crua.