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Arquitetos: Shieh Arquitetos Associados
- Ano: 2019
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Fotografias:Fernando Stakuns
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto nasceu da necessidade de ampliação da escola, e do desejo da comunidade em permanecer no atual endereço. Assim, as salas de aula deixaram de ser ambientes adaptados na antiga residência e ganharam instalações apropriadas: salas hexagonais, seguindo aspiração do corpo pedagógico por uma arquitetura antroposófica.
De acordo com o pensamento de Rudolf Steiner, deve-se evitar a adoção de ângulos retos e sim trabalhar os ambientes com formas mais orgânicas – o que seria mais acolhedor aos alunos. Daí a opção por salas de aulas em formatos de hexágonos e telhados inclinados. Outro importante aspecto do projeto é a modularidade e ampliação por fases subsequentes, de maneira a acompanhar o crescimento da escola (que em fevereiro de 2019 atingiu o 3º ano do ensino fundamental brasileiro).
Com a importante premissa de uma construção desmontável, optou-se por um sistema construtivo cuja estrutura é leve e rápida de instalar, em peças de madeira de lei. Por se tratar de um terreno atualmente alugado, o investimento em novas salas haveria de ser desmontável para eventual relocação em outra propriedade. Assim, pilares, vigas, terças são relocáveis. Telhas, portas e janelas também. Os únicos itens que não são possíveis de reaproveitar são fundação (por motivos evidentes) e paredes. Para as paredes, reservou-se um caráter especial.
Por se tratar de uma escola associativa, em que os pais participam ativamente, pretendeu-se criar uma atividade construtiva que desse senso de pertencimento ao grupo. As paredes são fechadas com a tradicional técnica de taipa de mão. Entre a estrutura principal de madeira, foram dispostas ripas de madeira. A malha dá suporte ao “sopapo de mão”, barro compactado manualmente pelos pais e crianças numa atividade lúdica e bastante simbólica.
Especialistas em taipa (Arqºs André Heise e Márcio Hoffmann - Taipal Construções em Terra) ministraram um curso prático de capacitação à comunidade da Ecoara, e também aos pedreiros da obra. A ideia é difundir o emprego da técnica, esquecida em sua versão tradicional e ainda pouco difundida em sua versão moderna, agora com os devidos controles tecnológicos da mistura.
Pretende-se uma parede com bom conforto térmico, e que “respire”. Possivelmente, a característica mais interessante da técnica é a “retornabilidade” do material ao meio natural – a terra volta a ser terra. Para isso, não há a adição de química nesse projeto (aglomerantes ou hidrofugantes). As telhas são em aço pré-pintadas, formando um sanduíche de lã de rocha. A face inferior do conjunto é com telha perfurada, de modo a permitir a absorção acústica apropriada para salas de aula. A expectativa do projeto é que a escola, tanto por sua planta de salas hexagonais dispostas a criar uma alameda central, quanto pelo tipo de construção possa nutrir a comunidade além das salas de aulas.